Por Moisés Mendes
Os acampamentos e bloqueios em ruas e estradas, os blefes e as ameaças estarão sob outras circunstâncias a partir de janeiro, se nada acontecer até a posse de Lula e se os patriotas continuarem ativos.
A dúvida é essa. A estratégia da extrema direita a partir daí seria a intensificação do plano de esculhambar com tudo e parar o país? O fascismo terá forças para tanto?
A extrema direita vai insistir em inviabilizar a circulação de veículos nas cidades e rodovias, mesmo que os riscos possam ser maiores e os ganhos cada vez mais improváveis?
O sentimento imediato de patriotas e manés, depois da posse de Lula, será o de frustração, porque não terão conseguido criar o ambiente propício à intervenção dos militares e ao golpe.
A questão é saber se o golpismo se dedicará a uma nova etapa da tentativa do caos que chegou a ser imaginado nos dias da votação, depois na apuração e mais tarde no ambiente pós-eleição em estradas e diante de quartéis.
Haverá coragem suficiente para continuar amolando, ou a amolação terá cumprido sua missão fracassada?
O “movimento nas casernas”, assim mesmo, no plural, segundo cenário imaginado pelo ministro do TCU João Augusto Nardes, com Bolsonaro ainda no poder, levaria a um desenlace imprevisível.
Sem desenlace agora e com Lula no poder, com que militares Nardes poderia contar para insuflar o conflito social esperado por ele e seus amigos de zap?
Nas estradas, o policiamento ostensivo estará sob novo comando, e o corpo mole do golpismo deixará de prevalecer entre os policiais rodoviários.
Nas cidades, se houver desordem, o governo não deverá ficar entregue à inércia de parte do Ministério Público, das polícias, de governadores e prefeitos e dos comandos militares.
Com Lula empossado, autoridades hoje sem brio continuarão indiferentes às ordens expedidas pelo ministro Alexandre de Moraes para que o país retome a normalidade?
As instituições continuarão com medo dos militares, mesmo que Lula mude todo o comando das três forças e da chefia da Defesa?
Bolsonaro repetiu, desde o começo do blefe do golpe, que era quem mandava nos generais.
Por insegurança, apresentou-se publicamente como chefe supremo das Forças Armadas em maio de 2020, em março e agosto de 2021 e em junho e julho de 2022.
A partir de janeiro, Bolsonaro não será chefe de nada, talvez nem mesmo de grupos de milicianos.
O chefe das três armas, daqui a cinco segundas-feiras, será Lula, que já foi o comandante supremo de Exército, Marinha e Aeronáutica por oito anos.
Como Lula lidará com os espasmos golpistas de patriotas civis e fardados, de novo como chefe supremo, mas em situação nunca experimentada antes?
O “movimento nas casernas” dos informantes de Nardes e dos oito tios do zap investigados por Alexandre de Moraes irá continuar, mesmo como blefe, ou Lula descobrirá logo que a arruaça foi apenas uma erisipela?