No final de agosto de 2020, a Receita Federal solicitou ao Serviço Federal de Processamento de Dados (Serpro) a abertura de uma investigação interna sigilosa para identificar auditores que teriam acessado os dados fiscais do senador Flávio Bolsonaro (PL-RJ), conforme informações do Estadão.
A solicitação ocorreu três dias após uma “reunião secreta” entre o ex-presidente Jair Bolsonaro (PL) e advogadas de seu filho, onde o ex-capitão sugeriu discutir o inquérito sobre as suspeitas de “rachadinha” no gabinete parlamentar de Flávio.
José Tostes Neto, então secretário especial da Receita, recebeu a defesa do filho “01” do ex-chefe do Executivo em várias ocasiões subsequentes à determinação presidencial, incluindo reuniões com a presença do próprio senador.
A verificação de um possível vazamento de dados visava a investigar se auditores teriam compartilhado informações com o Conselho de Controle de Atividades Financeiras (Coaf), órgão que iniciou o inquérito sobre as “rachadinhas” envolvendo Flávio Bolsonaro e Fabricio Queiroz.
A sugestão de Bolsonaro durante o encontro não oficial em 25 de agosto de 2020 era discutir o inquérito fiscal diretamente com o chefe da Receita, conforme revelado na transcrição do áudio gravado pelo ex-diretor da Abin, Alexandre Ramagem.
Além de Bolsonaro, estiveram presentes na reunião o então ministro-chefe do GSI, general Augusto Heleno, e Ramagem.
As advogadas Luciana Pires e Juliana Bierrenbach, representantes de Flávio, participaram da reunião e posteriormente tiveram agenda com José Tostes Neto, então secretário especial da Receita Federal, que também recebeu Flávio Bolsonaro em outras ocasiões.