Racismo religioso – monumento de Mãe Oxum é vandalizado no RS: “Cristo vive”

Atualizado em 27 de janeiro de 2024 às 12:38
Pichações apareceram em monumento de Mãe Oxum em Porto Alegre. Foto: Afrobras

A Delegacia de Combate à Intolerância de Porto Alegre está investigando pichações feitas na estátua da Mãe Oxum, divindade venerada por religiões de matriz africana na capital gaúcha.

Na última segunda-feira (21), inscrições em tinta branca no pilar do monumento proferiam mensagens como “Cristo vive” e “pagão”. A placa de identificação da estátua também foi vandalizada, formando a frase “monumento pagão”. A Federação das Religiões Afro-Brasileiras (Afrobras), responsável pelo monumento, informou que as pichações foram descobertas na data mencionada.

Em 2023, a estátua foi incluída no patrimônio histórico-cultural de Porto Alegre por meio de uma lei municipal. O presidente da Afrobras, José Antônio Salvador, classificou o episódio como uma “barbárie inadmissível” e registrou um boletim de ocorrência, categorizando-o como intolerância religiosa.

Imagem da Mãe Oxum, na Orla do Guaíba em Ipanema — Foto: Daiana Santos/Divulgação e Reprodução/RBS TV

O dia 21 de janeiro marca a mobilização nacional de combate à intolerância religiosa. Leia a nota da Afrobras:

“A Federação das Religiões Afro Brasileiras – AFROBRAS, através de sua Diretoria, seus Conselheiros de Fundamentos e Membros de Comissões Internas, vem por esta nota REPUDIAR O ATO DE VANDALISMO EXTREMISTA E INTOLERANTE atentado contra o Monumento de Oxum, na Orla de Ipanema, em Porto Alegre, local sagrado para os religiosos Afro Umbandistas do Rio Grande do Sul, estado que concentra a maior população orixaísta do Brasil.

O vilipêndio aconteceu na noite de 21 de janeiro de 2024, justamente na data em que se comemora o DIA NACIONAL DE COMBATE À INTOLERÂNCIA RELIGIOSA.

No dia 21 de janeiro, comemora-se o Dia Nacional de Combate à Intolerância Religiosa, instituído pela Lei Federal nº 11.635, de 27 de dezembro de 2007, após a morte da Iyalorixá baiana. Fundadora do Ilê Asé Abassá, Gildásia dos Santos e Santos, conhecida como Mãe Gilda, que teve sua casa e terreiro invadidos por um grupo de outra religião. Injustamente caluniada, perseguida e agredida física e verbalmente junto com o marido, ela morreu, vítima de um infarto fulminante

No Brasil, a Constituição Brasileira, em seu Artigo V, Inciso VI, preconiza que é inviolável a liberdade de consciência e de crença, sendo assegurado o livre exercício dos cultos religiosos e garantida, na forma da lei, a proteção aos locais de culto e as suas liturgias, entretanto, a desinformação, o preconceito, a discriminação e a intolerância continuam sendo os principais motivos do desrespeito as religiões.

O crime de ódio, racismo religioso e intolerância religiosa cometido, por pessoa não sabida, contra o Monumento de Mãe Oxum, tombado por lei como patrimônio Histórico, artístico e religioso do município de Porto Alegre, atinge a todos os nossos filiados, amigos, seguidores, tanto quanto a sociedade brasileira como um todo, pois a laicidade do estado foi agredida com violência, o fato não pode ficar impune.

Conclamamos todos os religiosos Afro, e cidadãos que possam se engajar nesta causa para se dirigirem a uma delegacia de Polícia Civil e registrar um boletim de Ocorrência(BO) denunciando o fato (posteriormente nos enviando uma copia), com inúmeras denuncias em mãos o Departamento Jurídico da AFROBRAS estará empoderado para as atitudes cabíveis neste casos e, inclusive, recorrer junto as instâncias governamentais exigindo providencias contra agressões desta natureza”.

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