Radialista que emboscou Márcia Tiburi ainda se acha em condição de dar lição de moral. Por Joaquim de Carvalho

Atualizado em 27 de janeiro de 2018 às 15:09

O radialista Juremir Machado da Silva, da rádio Guaíba, confunde fatos e conceitos para defender o indefensável: que acertou ao convidar Márcia Tiburi, Roberto Requião e Kim Kataguiri para dividirem a bancada.

“Todos devem falar. Essa ideia de que uns não devem ter direito à voz é uma ideia… eu não compartilho’, disse ele, em vídeo divulgado no YouTube. É um sofisma, enganação. Ninguém disse que indivíduos como Kataguiri não devem ter direito à voz.

O que se colocou é que Juremir tinha a obrigação ética de avisar a todos os convidados se seria uma entrevista ou um debate, e quem estaria presente. Ao deixar de fazer isso, errou e sua atitude pode, sim, ser interpretada como uma emboscada.

Ele admite que deveria ter avisado — mas considera seu erro uma falha sem gravidade, uma “rateada”, como disse.

Juremir favoreceu o líder do MBL, que não tem estatura intelectual nem biografia à altura de Requião e Márcia Tiburi, e a estes é preciso dar o direito de dizer se aceitam debater com o líder do MBL, conhecido pela provocação de baixo nível.

Um exemplo de que se trata de um desqualificado é a reação que teve a uma pergunta enviada por e-mail, algum tempo atrás, pelo repórter Pedro Zambarda, do DCM. Como resposta, ele enviou uma fotografia das próprias nádegas.

É evidente que, mesmo sendo um tipo assim, Kataguiri também deve ser informado dos demais presentes. Óbvio que aceitaria, em qualquer circunstância.

Num debate desse tipo, ele não tem nada a perder. Aliás, só Kataguiri ganha. Por exemplo, sem que lhe fosse perguntado, o radialista Juremir fez uma avaliação do debate forçado entre o senador da república e o jovem líder do MBL.

“Na forma, ele deu um banho em Requião”, disse.

Quem ouviu o programa pode achar que não foi bem assim. Mas Juremir, enquadrado por Requião ao vivo por desrespeitar regra básica da civilização — o de não forçar um debate –, talvez esteja se vingando.

Ou — o que é pior –, consegue mesmo se deixar encantar pela oratória de Kim.

Juremir cometeu um erro grave (não foi uma rateada, “um problema de protocolo”), insiste no erro e ainda quer posar de apartidário, democrata.

Aviso a quem for convidado para participar do programa de Juremir: cuidado, você pode estar caindo em uma armadilha.

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PS: um exemplo de que só Kataguiri ganhou com essa polêmica é que ninguém estaria citando seu nome se ele não tivesse tido a oportunidade, oferecida por Juremir, de encontrar pela frente alguém muito melhor do que ele, em todos os sentidos.