“Ofereço ao Brasil a chance inédita de ter o PMDB na oposição.”
O cartão de visita do senador Randolfe Rodrigues, 41 anos, virtual candidato do PSOL, é tentador.
Pode não ser realista, pode não ser exequível – mas animador é.
Muita gente cansada de ver o PMDB agarrado sempre ao poder vai estudar com carinho, certamente, a possibilidade de ao menos no primeiro turno votar em Randolfe.
O desgaste do PT entre os jovens de esquerda se deve, em grande parte, a casamentos de conveniência com Sarneys, Renans, Malufs e outros símbolos do anacronismo político nacional.
Os protestos de junho deixaram claro o tamanho desse desgaste. Ninguém imaginava que as ruas pudessem ser tomadas por qualquer agrupamento que não fosse controlado pelo PT. Lula deve pensar hoje se realmente valeu a pena a foto de confraternização com Maluf, pouco antes das eleições municipais de São Paulo.
Qual vai ser o tamanho do voo de Rodrigues é ainda uma incógnita.
Mas, se ele na campanha conseguir convencer os brasileiros de que é sim possível colocar o PMDB na oposição, ele poderá surpreender.
O papel que foi de Marina nas eleições passadas – a opção alternativa de esquerda pelo menos para o primeiro turno – poderá ser dele.
A própria Marina se desgastou entre o público progressista nos últimos anos. Aécio é Aécio. E Eduardo Campos parece incapaz de empolgar fora de seus domínios pernambucanos.
Que há espaço para uma cara nova na política é inegável.
Randolphe Rodrigues, ao propor tirar de cena enfim o PMDB, se credencia a ser a cara nova.
É ainda cedo. Muitos passos terão que ser dados. Mas o primeiro deles não poderia ser melhor.