POR LUIZA COPPIETERS
O ministro do STF Kassio Nunes Marques, em seu voto inacrediável contra a suspeição de Sérgio Moro no Habeas Corpus impetrado pela defesa de presidente Lula, fez uso de um famoso livro de autoajuda: “Rápido e Devagar”, de Daniel Kahneman.
Em seu livro, que trata de inquietantes questões que tomam os investidores, Kahneman propõe que a mente humana é constituída de dois sistemas, um rápido, que é intuitivo e emocional, e outro lento, que é lógico e racional.
A partir daí, ensina como agir coordenando o irracional pelo lógico, com menos ilusões cognitivas e mais clareza. São dicas úteis para ganhos na vida pessoal e nos negócios e investimentos.
Em seu voto, o ministro afirmou: “A tomada de decisão sempre parte de orientações espontâneas em direção a certas hipóteses, decorrente de um rápido e em grande parte de um desconhecido processo de associação entre ideias concordantes e descarte de ideias divergentes até que o jogo mental colapsa em forma de decisão.”
Ou seja, o juiz, que deveria ser imparcial se se ater aos autos parecia já ter suas “orientações espontâneas” dirigidas a certas hipóteses! Ora, seria então a decisão de Moro um colapso diante dos fatos e ausência de provas?
Talvez, no fundo, seja de negócios e investimentos que se trata, não de Justiça. De como pintar um absurdo processual com um verniz lógico tendo em vista negócios usando “diferentes técnicas para nos proteger contra falhas mentais que muitas vezes nos colocam em apuros.”