Como bem aponta o jornalista Ricardo Feltrin, em sua coluna no UOl, os dados preliminares de audiência mensurados pela Kantar Ibope mostram mais uma vez que a Record cresce em momentos de tragédia –nos quais quase sempre abusa de sensacionalismo, é bom lembrar.
Foi assim em casos como o das meninas Eloá e Isabella Nardoni (2008), Mércia Nakashima (2010) e, mais recentemente, na tragédia do desabamento de um prédio no centro de São Paulo, no mês passado.
A informação da descoberta do corpo da menina foi a Globo, dado por Sandra Annemberg logo após o jogo Peru 0 x 1 Dinamarca
A Record não interrompeu a programação, embora tivesse passado a semana toda especulando sobre o sumiço da menina, alterando inclusive quadros do “Balanço Geral” para manter o tema em voga.
Ao começar o “Cidade Alerta”, a Record mostrou mais uma vez sua especialidade: abusou do jornalismo sensacionalista, especulativo, com exageros, hipérboles e, principalmente, pouca informação relevante.
O apresentador Luiz Bacci foi levado pelo espiral do ibope e perdeu o tom enquanto descrevia (desnecessariamente) várias e várias vezes o estado do corpo da menina.
Isso sem falar na exibição exaustiva, pelas câmeras, do pai da morta chorando em desespero.
Tudo feito não para informar, mas mexer com as emoções primárias do telespectador.
O que é pior: do ponto de vista jornalístico, a Record e seus repórteres não tinham nenhuma informação exclusiva ou mesmo relevante para transmitir.
A equipe passou praticamente as três horas apenas especulando sobre hipóteses e boatos.
A pergunta é: valeu a pena? Para o jornalismo evidentemente que não.