Guilherme Boulos (PSOL), pré-candidato à Prefeitura, usou o palco de um evento do presidente Lula (PT) em São Paulo para lançar recados políticos ao seu principal rival na disputa eleitoral.
Durante a cerimônia, Boulos criticou o tratamento diferenciado entre moradores de periferia e bairros ricos, aludindo indiretamente a uma declaração do vice na chapa de Ricardo Nunes (MDB) e ao modelo de escolas militares defendido pelo governador Tarcísio de Freitas (Republicanos).
O evento, realizado para o lançamento da pedra fundamental de novos campi da Unifesp (Universidade Federal de São Paulo) e IFSP (Instituto Federal de São Paulo), contou com a presença de diversas figuras políticas.
Além de Boulos e Lula, estiveram presentes a vice da chapa, Marta Suplicy, e outros ministros e deputados petistas.
Boulos usou o momento para atacar a proposta de escolas militares defendida por Tarcísio e citou, sem citar nominalmente, o coronel da reserva Ricardo Mello Araújo (PL), escolhido como vice de Nunes.
“Enquanto tem gente que ainda hoje acha que um morador da periferia tem que ser tratado diferente do morador dos Jardins, nós temos a certeza de que o morador de Itaquera e Cidade Tiradentes deve ser tratado com o mesmo respeito que o morador dos Jardins, do Morumbi ou de qualquer bairro rico desta cidade”, afirmou o político do Psol.
Em 2017, Mello Araújo defendeu ao UOL que abordagens policiais deveriam ser diferentes nos Jardins e na periferia. “É uma outra realidade. São pessoas diferentes que transitam por lá. A forma de abordar tem que ser diferente”, disse na época.
Boulos também respondeu às críticas de Nunes de que o evento seria um ato político, não de governo. “O atual prefeito se tornou refém de Bolsonaro. Tem medo de aparecer em evento do governo federal e ser atacado por bolsonaristas”, declarou.
O evento marca a primeira aparição de Lula e Boulos juntos desde que foram multados pela Justiça Eleitoral por propaganda eleitoral antecipada no 1º de Maio. Lula evitou pedir votos desta vez, mas a presença de ambos no palco reforça a aliança estratégica para as próximas eleições.
Lula afirmou anteriormente que a disputa pela prefeitura de São Paulo será uma “verdadeira guerra” e pediu aos seus eleitores que votassem em Boulos. O juiz eleitoral Paulo Sorci condenou ambos ao pagamento de multas, afirmando que houve “pedido explícito” de voto. Lula e Boulos anunciaram que irão recorrer da decisão.
O cenário eleitoral em São Paulo está acirrado. No último Datafolha, Boulos e Nunes estavam tecnicamente empatados com 24% e 23% das intenções de voto, respectivamente. Uma pesquisa Quaest recente também indicou um empate técnico, com Nunes a 22%, Boulos a 21% e Datena a 17%.
A programação de Lula e Boulos neste sábado inclui eventos adicionais, como um ato sobre a expansão do IFSP no Jardim Ângela e o anúncio de recursos do Novo PAC para a expansão da linha 5 lilás do metrô. Nem o governador Tarcísio, que está em viagem internacional, nem o prefeito Nunes, que criticou os eventos como atos políticos, compareceram.
O prefeito Ricardo Nunes recentemente assinou a cessão de um terreno para a construção do Instituto Federal na Cidade Tiradentes e, na semana passada, anunciou a escolha de Ricardo Mello Araújo como vice, ao lado de Tarcísio, em um evento no metrô.