A narrativa do governo israelense sobre os reféns palestinos, erroneamente chamados de “prisioneiros”, que estão sendo libertados durante o cessar-fogo temporário é enganosa e desonesta.
Itamar Ben Gvir, ministro do Interior, proibiu os palestinos de celebrar essa libertação, afirmando que a alegria é sinônimo de apoio ao terrorismo. Ele instruiu a polícia israelense a implementar um “punho de ferro” para impor essa proibição.
O governo de Netanyahu e seus apoiadores propagam uma narrativa falsa, afirmando que esses reféns são todos terroristas violentos. Esta alegação ignora o fato de que muitos deles são condenados em julgamentos fraudulentos e não têm direito a um julgamento justo.
Israel divulgou uma lista com nomes e supostos crimes, enquanto a maioria dos 300 reféns propostos para libertação são adolescentes, sendo que 124 têm menos de 18 anos.
Dos 300 nomes, 233 não foram condenados por crime algum. Essa narrativa promove a ideia falsa de um processo judicial justo, enquanto os palestinos são julgados em tribunais militares, muitas vezes sem acesso a advogados ou evidências, e submetidos a isolamento e abusos. Israel é criticado por julgar crianças em tribunais militares, uma prática condenada por organizações de direitos humanos.
Se Israel acusa essas pessoas de crimes violentos, deve garantir-lhes o direito ao devido processo em tribunais civis. Isso também incluiria permitir que os palestinos se defendam no contexto da ocupação israelense. Entretanto, Israel mantém um sistema judicial militar que produz uma taxa de condenação quase absoluta.
Os reféns palestinos da lista são da Cisjordânia ocupada e vivem sob um regime de apartheid. Alguns cometeram atos violentos, mas ignorar o contexto dessa violência é injusto. Isso contrasta com a impunidade dos colonos israelenses que atacam os palestinos.
A maneira como as nações tratam os menos poderosos é um reflexo de sua justiça. Assim como muitos advogados de liberdades civis nos EUA se opuseram a Guantánamo, a comunidade internacional deve se opor a práticas que negam aos acusados um julgamento justo e adequado.