Por Nathalí Macedo
A atriz bolsonarista Cássia Kis deu um show de homofobia e delírio durante uma live com a jornalista Leda Nagle. Ela até trouxe de volta o conceito ultrapassado de “ideologia de gênero” – que nenhum bolsonarista, nem mesmo o que o criou, jamais soube explicar – ao dizer que ele estaria “destruindo a família tradicional brasileira.”
Sem provas, a atriz falou em “beijódromo” nas escolas para crianças se relacionarem – uma Fake News que poderia facilmente ter sido inventada por Damares, ou uma prova de que há muitas Damares por aí.
“O que está por trás disso? Destruir a vida humana? Porque até onde eu saiba homem com homem não dá filho, mulher com mulher também não”, apelou.
Honestamente, esse argumento homofóbico é cansativo de tão batido. Não dá mais pra falar em “homem com homem não dá filho” com 34 mil crianças vivendo em abrigos no Brasil e uma problemática infeliz em torno da adoção por casais homoafetivos. Claramente, o problema não é esse, e nunca foi.
O show de horrores não termina por aí: tal qual uma bolsonarista raiz, Cássia, católica e supostamente cristã, classificou a pandemia como “maravilhosa”, porque a fez descobrir-se uma pessoa conservadora.
Imagine um conceito de “cristão” que te faz acreditar que uma pandemia que matou milhões de pessoas no mundo pode ser maravilhosa porque te fez descobrir algo SOBRE VOCÊ? Esse é o conceito de cristianismo dessa gente. “Eu estou com a vida cheia de Deus”, arremata.
Kis, que chegou a criticar Bolsonaro durante sua péssima atuação na pandemia ao dizer que ele “merecia levar uma surra da mãe” (homens sempre perdoados e tratados como meninos”, agora defende sua reeleição e esconde a própria homofobia atrás do catolicismo.
Não é possível que a maldade e irresponsabilidade política dessa gente siga sendo disfarçada por religião e senilidade. Aos 63 anos, atuando em uma novela global, Cássia Kis não é nenhuma louca, embora não possa ser dita lúcida; seu problema não é ser senil, é ser irresponsável.
Pouco importam suas decepções com o PT ou as m*rdas que diz sobre o partido: ela é capaz de ver que não há saída para um país em frangalhos por causa de um presidente que ela ajudou a eleger e quer ajudar a reeleger. Ela é capaz de saber que beijódromo nas escolas é uma Fake News das mais absurdas.
Tem condições de perceber que, não, o amor entre pessoas do mesmo sexo é apenas amor, e não um projeto de destruição de famílias. Se até o papa Francisco defendeu a união civil entre casais homoafetivos – e abraçou o Lula – quem é Cássia Kis na fila do pão?
Eu diria que mais uma maluca, mas não. Como Regina Duarte, é só mais uma mau caráter, mesmo. E dessas o Brasil, infelizmente, está cheio.