Relator de projeto que permite desmatamento diz fazer “sua parte” pelas vítimas do RS

Atualizado em 3 de maio de 2024 às 18:54
O deputado bolsonarista Lucas Redecker (PSDB-RS) ao lado do governador do Rio Grande do Sul, Eduardo Leite (PSDB). Foto: Reprodução

O deputado bolsonarista Lucas Redecker (PSDB-RS), que agora lamenta pelas vítimas dos temporais no Rio Grande do Sul e ajuda a divulgar campanha de arrecadação para as famílias afetadas no estado, foi relator de um projeto de lei que reduz a proteção ambiental em “áreas não florestais” e ameaça 48 milhões de hectares de campos nativos no país.

O projeto foi aprovado pela Comissão de Constituição e Justiça (CCJ) da Câmara dos Deputados em março deste ano. O texto é da autoria do deputado Alceu Moreira (MDB-RS) e tem como objetivo regularizar imóveis rurais que ficam em locais chamados “campos de Altitudes”, livrando os proprietários de multas e embargos previstos na legislação ambiental.

Durante a sessão que aprovou o projeto, Redecker defendeu que o projeto “beneficia a agricultura brasileira, rendendo mais recursos aos entes federais e estaduais”. Ele ainda alegou que os produtores rurais têm “preocupação em manter os biomas em ordem”.

“Nós não estamos tratando de desmatamento, mas de campos – característicos não só do Rio Grande do Sul. Nós temos que dar condições para que o produtor rural possa converter aquela área em pastagem, em plantio de soja”, afirmou na ocasião.

O texto foi alvo de críticas e protestos de ambientalistas, que apontaram a existência de um “jabuti” que libera o desmatamento em todos os biomas com vegetação nativa não florestal do país. O projeto considera essas regiões como “áreas rurais consolidadas”.

Enchente nos arredores do Estádio Beira Rio, em Porto Alegre. Foto: Miguel Noronha/Enquadrar

Agora, mais de um mês depois da aprovação do texto na CCJ, o deputado tenta obter ganho político com o desastre causado pelas chuvas no estado. Em live gravada nesta quinta (2), Redecker afirmou que o Rio Grande do Sul está numa “situação muito grave que encaminha para ser pior que as últimas enchentes” enfrentadas na região.

Ele ainda diz que tem tentado “buscar ajuda imediata” e que está fazendo “sua parte” para as vítimas dos temporais no estado, mas não faz nenhuma menção a uma das principais causas da tragédia: a crise climática, que tem relação direta com o desmatamento.

Até o momento, o Rio Grande do Sul teve 39 mortes causadas pelos temporais dessa semana. Além das vítimas fatais, há 68 desaparecidos, 74 feridos e 32.248 pessoas fora de casa (sendo 8.168 em abrigos e 24.080 desalojadas).

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