O empresário Abílio Diniz, morto neste domingo (18), foi sequestrado na cidade de São Paulo no ano de 1989. À época, o episódio foi explorado pelos opositores de Lula e contribuiu para a derrota do petista contra Collor nas eleições presidenciais.
O evento teve início na manhã de 11 de dezembro de 1989, uma segunda-feira, quando o empresário estava a caminho do trabalho. Apesar da riqueza e dos confortos que usufruía, ele optava por não ter um motorista particular ou seguranças.
Próximo à sua residência, uma Chevrolet Caravan disfarçada de ambulância bloqueou sua rota na esquina das ruas Sabugi com Seridó, no bairro Jardim Europa. Desconfiado da situação, Abílio sacou seu revólver e abriu parcialmente a porta, apontando-o para a ambulância.
Foi quando percebeu um impacto de um Opala, conduzido por uma jovem, que atingiu a traseira de seu veículo. Logo em seguida, um homem vestido como policial golpeou Abílio na cabeça com a coronha de um revólver. Do outro lado do automóvel, outro sujeito abriu a porta e tomou a arma que o empresário empunhava.
Dicas fornecidas pelos sequestradores levaram as autoridades policiais a uma residência no Jabaquara, área sul de São Paulo, onde o empresário estava mantido em um pequeno espaço subterrâneo. A quantia exigida para sua libertação era de 30 milhões de dólares.
Após várias horas de negociações e sete dias em cativeiro, Abilio Diniz foi resgatado. Os responsáveis pelo sequestro eram quase todos estrangeiros, vinculados a grupos revolucionários chilenos (MIR e ORA).
Em 16 de dezembro de 1989, às vésperas do segundo turno da eleição presidencial, o delegado Romeu Tuma revelou imagens associando sequestradores do empresário ao Partido dos Trabalhadores (PT) e à campanha de Lula.
As evidências fabricadas incluíam fotografias de armas ao lado de materiais de campanha do PT. Os sequestradores foram coagidos a posar com camisetas do partido, uma narrativa amplamente explorada pela mídia, influenciando na derrota do petista.
O pleito de 1989 marcou a primeira eleição direta para a presidência desde o golpe de 1964, e Fernando Collor, candidato do PRN, liderou o primeiro turno. Impulsionado pela mídia, Collor chegou ao segundo turno com uma vantagem de 8 pontos sobre Lula, que conseguiu diminuir a diferença, mas não a ponto de vencer a disputa.
No entanto, os ataques de Collor se intensificaram, incluindo acusações infundadas contra Lula, como a tentativa de confiscar a poupança e forçar famílias a dividirem seus apartamentos com moradores de rua.
O sequestro de Abilio Diniz, tornou-se um ponto crucial na campanha, com a polícia alegando a ligação dos sequestradores com o PT. Investigação posterior descartou o envolvimento do partido, revelando que os sequestradores foram coagidos e torturados para usar as camisetas do PT.
A mídia, especialmente a Rede Globo, desempenhou um papel significativo na amplificação das acusações, contribuindo para a vitória de Collor.
Com informações do Pensar a História.
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