Publicado no Brasil de Fato
Por Hellen Lima
Renato Feder representa o setor empresarial que está com olhos grandes sobre a fatia comercial que pode ser explorada com a privatização da educação brasileira.
Ex-diretor da empresa de tecnologia Multilaser, Feder é a cara do governo Ratinho Júnior (PSD), que sob a fachada de “administrador isentão”, passa todas as medidas do programa neoliberal, aliado do governo federal nesse projeto.
Aqui vale a máxima: “A cabeça pensa onde os pés pisam”! No Paraná, sua gestão enquanto Secretário Estadual de Educação implementou medidas tecnocráticas do ponto de vista pedagógico e aprofundou a retirada de autonomia das escolas, direções e professores, cada vez mais pressionados pela dinâmica da fiscalização e burocratização. Sempre com um sorriso no rosto, simpático mesmo quando confrontado, Feder é do tipo que evita o conflito e chama os funcionários públicos de “time”, enquanto os direitos desses trabalhadores estão indo para o ralo.
O foco da Secretaria sob seu comando foi direcionado desde o início aos índices educacionais que, longe de representarem a qualidade de aprendizado dos estudantes paranaenses, mascaram uma realidade de precarização e esvaziamento da escola pública.
Durante a quarentena, decretada para as escolas do Paraná a partir de 19 de março, imediatamente a Secretaria da Educação e do Esporte (SEED-PR) apresenta um projeto de implementação de tele-aulas, articulando investimentos públicos, na casa dos milhões, para empresas privadas como Google, RIC-TV e empresas de telefonia, dispensando todo o aparato público que o estado do Paraná já tem nessas áreas. Essa iniciativa impede milhares de alunos, com dificuldades de acesso, de ter a educação como direito universal.
Após a trapalhada da última semana com a indicação de Decotelli e suas fraudulentas titulações, se confirmado o nome de Feder para o Ministério da Educação, duas certezas se apontam: a primeira é a tentativa de Bolsonaro de apostar em uma figura menos polêmica, apaziguadora, diferente dos olavistas Vélez e Weintraub, num movimento de blindagem do governo; a segunda, é o caminho de privatização da educação pública, que encontra, nesse momento crítico de pandemia, a brecha para ser efetivado mais rapidamente.
Aqueles e aquelas comprometidos com um projeto de educação pública, emancipadora e humana precisam estar atentos! Se de um lado, o governo recua com uma nomeação mais técnica, de outro o projeto liberalizante não poderia ser mais nítido. Sob a máscara da administração de resultados, esconde-se a lógica perversa da meritocracia, da “educação-mercadoria” e da ideia de que, para os pobres, a educação é artigo de luxo, que só se consegue se for de segunda mão.