Francesca Albanese, 46, líder da relatoria especial da ONU (Organização das Nações Unidas) para os territórios palestinos ocupados, durante entrevista à Folha de S.Paulo, comentou sobre o atual conflito entre Israel e o Hamas, o qual ela pede um cessar-fogo imediato, além de afirmar que a comunidade internacional, cujas ações descreve em termos como “repugnantes” e “cínicas”, tem falhado:
Em quais termos descreve os ataques do Hamas em 7 de outubro?
É um crime de guerra hediondo. Uma atrocidade. Quando há um conflito –é há uma hostilidade contínua entre o Hamas e Israel– existem regras, e a principal é respeitar os civis.
Civis nunca podem ser alvos, especialmente da forma como o Hamas fez: matou pessoas em massa, nas ruas, indo de casa em casa. E civis não podem ser feitos reféns. Alvos militares são legítimos –quando soldados são capturados, eles são prisioneiros de guerra. Mas civis não são prisioneiros de guerra. Precisam ser libertados imediatamente.
A situação precisa ser abordada de uma vez por todas de acordo com o direito internacional. Isso não começou em 7 de outubro. Tem ocorrido continuamente, agora com o tremendo golpe sem precedentes que o povo israelense sofreu.
Mas também precisamos discutir se a resposta que Israel deu em nome da autodefesa, de acordo com o Artigo 51 da Carta da ONU, foi proporcional e legítima de acordo com o direito internacional. (…)
(…) Como a sra. avalia a resposta da comunidade internacional à guerra?
A reação de Israel aos crimes horrendos cometidos pelo Hamas vai muito além do que é razoável e proporcional. Está se tornando uma operação militar interminável. Israel gerou uma catástrofe dentro da catástrofe.
E a resposta da comunidade internacional é repugnante. A situação saiu do controle, e, se não for interrompida, veremos o terceiro e maior deslocamento forçado de palestinos de suas terras.
O Conselho de Segurança é responsável por tomar medidas para manter a paz e segurança internacionais e está falhando em fazê-lo. Devemos pedir um cessar-fogo imediato. Sabemos que o conselho está paralisado, mas espero sinceramente que, com o Brasil na presidência rotativa, isso ajude a mudar a situação.
Ninguém, nem mesmo um único alto funcionário da ONU, disse uma palavra sobre o cessar-fogo. (…)
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