O programa Pauta Brasil da segunda-feira, 5 de julho, reuniu Carla Ayres, Jean Wyllys e Symmy Larrat, com mediação de William De Lucca, para debater guerra híbrida, fake News e a disputa de narrativas.
Carla Ayres é vereadora pelo PT em Florianópolis (SC), cientista social, candomblecista, ativista feminista e LGBTQIA+, defensora dos Direitos Humanos. Já atuou como consultora de políticas públicas para o PNUD e ONU Mulheres e foi Conselheira Nacional LGBTI+.
A vereadora falou sobre a recente geopolítica mundial, para explicar o surgimento de novas estratégias de enfrentamento de problemas que “colocavam em xeque a grande potência que sempre foram os Estados Unidos”. As torres gêmeas, a crise de 2008, os enfrentamentos bélicos que empenharam recentemente foram “percalços para eles”, explicou.
“A estratégia utiliza informações falsas usadas nas disputas. No Brasil, descobrir os temas principais desta disputa de narrativa e a serviço de qual projeto servem devem ser tarefas atuais”, disse Carla. Apesar de ser vereadora em Santa Catarina, estado com maior número de células nazistas no país, notou que a última eleição ocorreu com menos uso de fake news, mas ameaças posteriores à eleição.
Jean Wyllys é doutorando em Ciências Políticas na Faculdade de Direito e Ciências Políticas da Universidade de Barcelona, pesquisador da Open Society Foundation e professor-visitante no Afro-Latin American Research Institute do Hutchins Center da Harvard University, nos Estados Unidos.
Jean falou a partir do que tem estudado, mas também por sua experiência pessoal “como vítima do fenômeno da desinformação”. Ele também relatou que há outros pesquisadores estudando o fenômeno da desinformação, que o tema não é novo, “mas hoje é intensificado pela tecnologia e que a desinformação é perpetrada pelo topo da pirâmide contra a base” da sociedade.
Capitalismo de vigilância, xenofobia, uso da desinformação pelo capitalismo neoliberal contra os imigrantes, no caso da Europa e Estados Unidos, manipulações variadas foram citadas pelo professor que usou como exemplo do uso da desinformação a “saída do armário” do governo do Rio Grande do Sul, Eduardo Leite. “A lgbtfobia é uma unanimidade, seja na direita ou na esquerda e não foram poucas as mentiras contra mim, me acusando de sionista por uma visita que fiz a Israel”. E faz um alerta: a “esquerda precisa ser rigorosa com a informação e cada vez mais crítica daquilo que consumimos”.
Symmy Larrat é a presidenta da Associação Brasileira de Lésbicas, Gays, Bissexuais, Travestis, Transexuais e Intersexos (ABGLT), foi coordenadora do Programa Transcidadania da prefeitura de São Paulo e Coordenadora Nacional LGBT no Governo Dilma, coordena a Casa Neon Cunha em São Bernardo do Campo (SP).
Symmy falou sobre um grande inimigo dos movimentos sociais, “o debate sobre ideologia de gênero”, uma outra desinformação muito usada inclusive nas campanhas eleitorais, sobre “as desinformações virais, disparadas pelos aplicativos ou os artigos de revista e matérias de jornais. Como vamos nos organizar e lidar com essas questões? Quais acordos temos no campo popular e democrático para conseguir falar para fora da bolha e como vamos responder às mentiras?”, questionou.
William De Lucca é ativista LGBT, pelos direitos humanos e animais, jornalista, especialista em marketing e atua nas redes sociais do Sindicato do Bancários de São Paulo.
As imposições do cristianismo e da heteronormatividade, do capitalismo, a dificuldade da esquerda entender a diversidade de gêneros e que precisa fazer o enfrentamento radical foram debatidos no Pauta Brasil