Um encontro do PDT no Rio de Janeiro resultou em uma confusão generalizada, envolvendo os irmãos Ciro Gomes, candidato à Presidência no ano passado, e Cid Gomes, senador pelo Ceará – dois dos principais nomes do partido. O incidente teve como pano de fundo uma disputa em torno do diretório estadual do Ceará, que culminou em uma intervenção da Executiva Nacional do PDT e no afastamento de Cid Gomes do comando local.
A controvérsia central gira em torno do diretório estadual do Ceará, que foi liderado por Cid Gomes até que uma decisão judicial o destituiu devido a uma ação do grupo político de seu irmão, Ciro Gomes. Nesta sexta-feira, após o tumulto público entre os irmãos, a Executiva Nacional do PDT formalizou a intervenção no diretório cearense, levando ao afastamento de Cid Gomes. Agora, é necessário nomear uma nova liderança.
“Sem nenhum motivo intervieram no diretório estadual, para você ver o absurdo a que se chegou no diretório Nacional”, disse Ciro Gomes. “Eu vou procurar reunir as pessoas e informar o que aconteceu”. Ele acrescentou que pretende “debater soluções conjuntas” antes de considerar a possibilidade de deixar o partido.
O conflito entre os dois irmãos intensificou-se quando aliados de cada um deles entraram na discussão, chegando quase a um confronto físico com direito a dedo em riste no rosto, de acordo com testemunhas. Os embates entre as alas ligadas a Ciro e Cid dominaram a maior parte do encontro, que reuniu os presidentes das seções estaduais na sede do PDT no Centro do Rio.
Antes da reunião, Ciro e Cid almoçaram em locais separados com seus respectivos grupos, sem sequer se cumprimentarem. Integrantes do partido planejavam participar de um jantar na casa do deputado federal Mário Heringer (PDT-MG) em uma tentativa de acalmar os ânimos.
No entanto, o deputado admitiu que “não há perspectiva de resolução, as duas alas têm argumentos muito fortes e ainda não conseguimos conciliar os interesses.”
Ciro Gomes deixou o encontro antes do fim, admitindo ao jornal O Globo que o clima com seu irmão Cid é “o pior possível.” André Figueiredo, presidente nacional do PDT e aliado de Ciro, também enfatizou a falta de chances de reaproximação com o grupo de Cid, citando as divergências ideológicas.
O encontro no Rio de Janeiro ocorreu após uma luta pelo controle do partido no Ceará entre André Figueiredo e o senador Cid Gomes. Com o apoio de Ciro, Figueiredo destituiu a Executiva do Ceará, que acabou sendo restabelecida via liminar.
Cid convocou novas eleições locais e foi eleito presidente estadual, mas horas depois, com outra intervenção judicial, o grupo de Ciro Gomes o destituiu novamente, devolvendo o comando a Figueiredo.
As diferenças entre os grupos de Ciro e Cid Gomes surgem de seu posicionamento em relação ao Partido dos Trabalhadores (PT). A ala de Cid defende uma aliança com o PT e o apoio ao governador Elmano de Freitas, enquanto os ciristas preferem que o PDT permaneça na oposição.
As eleições em Fortaleza no próximo ano são um ponto de discórdia, pois envolvem a decisão de compor novamente com o PT ou lançar uma chapa puramente pedetista.