Publicado originalmente no perfil do Facebook da autora
POR ESTHER SOLANO, cientista política
Na minha pesquisa entrevistei algumas pessoas ricas (uma, aliás, muito rica) e universitários brancos simpatizantes de Bolsonaro. Apareceu ódio ao pobre, sim, mas não só isso. Num post anterior disse que um denominador comum dos simpatizantes dele era a incapacidade cognitiva, emocional de entender a pluralidade do mundo, sua riqueza social, suas complexidades, de ver o outro como possibilidade e não como inimigo. A falta de educação e conhecimento críticos, políticos, democráticos contribuem para esta incapacidade. Ao falar isso muitos pensaram que estava falando em pessoas pobres. Não estava. O acesso à educação formal que classes médias e ricos têm não significa nem muito menos acesso a uma educação crítica. Como dizia Adorno, a educação pode lutar contra a barbárie ou pode criar monstros. A educação pode lutar contra o fascismo ou fortalecer o fascismo. Muitos de nossos universitários votarão no Bolsonaro. Estamos então fomentando uma educação para fascistas?