Publicado originalmente no site Rede Brasil Atual (RBA)
A conclusão das obras do Rodoanel Norte vai consumir o dobro do dinheiro estimado pelo então governador Geraldo Alckmin (PSDB), há seis anos. Já foram gastos pouco mais de R$ 10 bilhões na obra, cujo orçamento inicial era de R$ 5,6 bilhões. Agora o governo de João Doria, também tucano, prepara um conjunto de licitações para terminar o Rodoanel Mário Covas e prevê que serão necessários mais R$ 1,7 bilhão para conclusão do último trecho, totalizando R$ 11,7 bilhões. As obras do trecho norte estão paradas desde junho do ano passado, após operação da Polícia Federal, por suspeitas de superfaturamento.
Faltando terminar cerca de 15% do Rodoanel Norte, o governo paulista teve de rescindir os contratos dos seis lotes de obras. Três foram anulados ainda no ano passado, no governo de Márcio França (PSB), e três já no governo Doria. As investigações da Operação Pedra no Caminho, desdobramento da Operação Lava Jato, apontam que houve fraude, superfaturamento e sobrepreço nos contratos de remoção de pedras e terraplanagem. A estimativa inicial é de desvios de R$ 625 milhões.
Novas construtoras devem assumir as obras em cada lote. No entanto, as empresas Mendes Júnior, Isolux, Corsan, OAS, Acciona, Construcap e Copasa, responsáveis pelos contratos anteriores, foram à Justiça contra o governo de São Paulo, exigindo cerca de R$ 900 milhões, alegando que não receberam pelos serviços executados. Em janeiro do ano passado, a concessionária EcoRodovias venceu o leilão para a administração e manutenção do trecho Norte, por um período de 30 anos, pelo valor de R$ 883 milhões, embora ainda não haja previsão definitiva do início da operação. O que pode implicar em novos processos judiciais.
O primeiro trecho do Rodoanel Mário Covas – oeste – começou a ser construído em 1998 e foi entregue em 2002. O trecho sul foi concluído em 2010 e o leste em 2014. A rodovia terá, no total, 177 quilômetros de extensão. A primeira previsão de entrega do Rodoanel Norte foi em 2016, tendo as obras sido iniciadas em 2013. Os novos contratos devem ter prazos de execução de 18 a 24 meses, levando a previsão de entrega para 2022, ano em que Doria pretende concorrer à presidência da República.