“A Europa é o alvo dos nossos mísseis, o nosso país é o alvo dos mísseis americanos na Europa. Já vivemos isso. Temos a capacidade de parar estes mísseis, mas as vítimas potenciais são as capitais desses países europeus”, disse o porta-voz da presidência russa, Dmitri Peskov.
Durante a cúpula da Otan, Washington e Berlim anunciaram na quarta-feira (10) que iniciarão a implantação pontual de mísseis americanos de longo alcance na Alemanha em 2026.
No comunicado, os Estados Unidos e a Alemanha mencionaram que este plano inclui a implantação de mísseis SM-6, mísseis Tomahawk e armas hipersônicas em desenvolvimento, o que aumentará o alcance dos projéteis atualmente implantados na Europa.
“Manter linhas de comunicação”
O Kremlin condenou na quinta-feira (11) a decisão, que criticou como um retorno à “Guerra Fria”, uma alusão ao confronto entre a ex-URSS e os Estados Unidos, marcado, entre outras frentes, pela crise dos euromísseis no final dos anos 1960 e 1980, desencadeada pela implantação soviética e depois americana de mísseis com capacidade nuclear na Europa.
Esta crise foi encerrada com a assinatura do histórico tratado sobre Forças Nucleares de Alcance Intermediário (INF) em 1989, assinado pelo então presidente dos EUA, Ronald Reagan, e pelo líder soviético Mikhail Gorbachev, que limitou o uso de mísseis de médio alcance, tanto convencionais como nucleares.
Este tratado foi enterrado após os Estados Unidos se retiraram dele em 2019, durante o governo do republicano Donald Trump, que acusou Moscou de não cumpr-lo.
Depois, a Rússia garantiu que manteria uma moratória sobre a produção deste tipo de mísseis se os Estados Unidos não os posicionassem a uma distância que lhes permitisse chegar ao território russo.
O ministro da Defesa russo, Andrei Belousov, e o chefe do Pentágono, Lloyd Austin, falaram por telefone sobre a redução do risco de uma “possível escalada”, informou Moscou na sexta-feira (12).
O Pentágono destacou “a importância de manter linhas de comunicação” com a Rússia, em meio ao conflito na Ucrânia, apoiada pelas potências ocidentais desde que Moscou lançou uma operação militar em fevereiro de 2022.
As relações entre a Rússia e a Otan enfraqueceram ainda mais desde o início da ofensiva russa em 2022 na Ucrânia, um país apoiado por membros da Aliança Atlântica.
Os países ocidentais adotaram fortes sanções econômicas contra a Rússia, que fortaleceu os laços com a China, o grande rival dos Estados Unidos em escala global, e também com a Coreia do Norte.
As autoridades europeias também acusam a Rússia de ataques cibernéticos à espionagem, para enfraquecer as empresas do continente.
Originalmente publicada por RFI