Rússia veta resolução dos EUA na ONU e aumenta impasse sobre conflito no Oriente Médio

Atualizado em 24 de outubro de 2023 às 17:38
Membros do Conselho de Segurança da ONU se reuniram para votar resolução sobre Gaza. Foto: Bryan R. Smith/AFP

O impasse no Conselho de Segurança da ONU sobre a crise no Oriente Médio atingiu um novo patamar após a Rússia anunciar nesta terça-feira (24) que vetará a resolução proposta pelos Estados Unidos. Segundo o jornalista Jamil Chade, o governo russo também revelou planos para apresentar um novo projeto, que incluirá elementos das propostas circuladas recentemente pelo Itamaraty.

Apesar dos esforços contínuos dos membros do colegiado para encontrarem uma solução para o conflito em Gaza, as negociações não avançaram, resultando no adiamento da consideração da nova resolução proposta pelos EUA. A situação de impasse deixa a população de Gaza em uma condição vulnerável, com o acesso limitado a medicamentos, água e alimentos.

A resolução americana, apresentada uma semana após o veto à proposta brasileira, foi objeto de intensas negociações, incluindo uma cláusula que solicitava pausas humanitárias para garantir o acesso seguro e ininterrupto de ajuda humanitária. No entanto, a insistência dos EUA em condenar o Hamas e proteger Israel não foi bem recebida por Rússia, China e países árabes.

Em seu discurso, Antony Blinken, secretário de Estado dos EUA, enfatizou a importância de uma pausa humanitária e da proteção da população civil, mas destacou a necessidade de condenação clara do Hamas para acompanhar tais medidas.

O Kremlin, entretanto, rejeitou a proposta estadunidense, descrevendo-a como “politizada” e “inadequada”. O embaixador russo, Vasily Nebenzya, confirmou a intenção de apresentar um novo projeto de resolução.

Na reunião desta terça, na ONU, o ministro das Relações Exteriores (MRE), Mauro Vieira, pediu ao Hamas que liberte reféns e a Israel que pare com os ataques a Gaza.

“O Hamas deve libertar crianças israelenses que foram sequestradas de suas famílias. Israel deve cessar os bombardeios para que as crianças palestinas e suas mães possam deixar a Faixa de Gaza através da fronteira com o Egito. Precisa haver um mínimo de humanidade na insanidade da guerra”, afirmou o chanceler.

No evento, o secretário-geral da ONU, Antonio Guterres, afirmou que “é importante reconhecer que os ataques do Hamas não aconteceram no vácuo. O povo palestino foi submetido a 56 anos de ocupação sufocante. Viram suas terras serem progressivamente devorados por colonatos e assolados pela violência”.

A fala de Guterres causou incômodo entre os diplomatas israelenses. O chanceler Eli Cohen cancelou uma reunião que teria com o representante da ONU e ainda o criticou afirmando que os ataques “não aconteceram do nada”.

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