O deputado federal Ricardo Salles (PL-SP), relator do Comissão Parlamentar de Inquérito (CPI) do MST (Movimento dos Trabalhadores Sem Terra), afirmou nesta quarta-feira (10) que a comissão deve encerrar os trabalhos já na próxima semana.
“Nós decidimos diante dessas manobras não prorrogar a CPI. Para além dessa decisão, nós estamos considerando firmemente a hipótese de fazer um relatório já na semana que vem e encerrar a CPI”, disse. “Se não temos condições de ficar atuando para buscar a verdade, não vamos ficar fazendo teatro na CPI”, acrescentou o parlamentar.
A comissão foi esvaziada após uma aliança entre o presidente da Câmara dos Deputados, Arthur Lira (PP-AL), e o governo de Luiz Inácio Lula da Silva (PT).
A anulação da convocação do ministro-chefe da Casa Civil, Rui Costa, desmontou a estratégia dos parlamentares da oposição. A decisão foi tomada por Lira, em resposta a uma questão de ordem do deputado Nilto Tatto (PT-SP).
Lira afirmou não ter visto critérios técnicos no requerimento apresentado como justificativa para ouvir Costa na CPI. Em sua decisão, o presidente da Câmara ainda sustentou que a convocação de ministros perante comissões só deve ocorrer “quando há correlação entre o campo temático do ministério e o conteúdo substancial das atribuições do órgão convocador”.
A convocação do ministro foi apresentada por Salles. Para justificar a convocação, o bolsonarista disse que “o atual governo parece ser conivente com as invasões, seja por se associar a seus líderes, seja por indicar gestores, em vários níveis, ligados àqueles que promovem invasão”.
Segundo parlamentares ouvidos pela Carta Capital, não há mais espaço para novos convites ou convocações que desagradem o governo. A estratégia será trabalhar com os requerimentos já aprovados, realizar diligências e construir o relatório da investigação.
A manobra realizada pelos líderes das bancadas do União Brasil, PP e Republicanos para esvaziar a comissão também reforçou o entendimento de que a CPI deve perder força nos próximos dias.