Sakamoto: Comida no banheiro da Sapucaí é aviso aos que pedem Estado mínimo

Atualizado em 12 de fevereiro de 2024 às 21:34
Cabines de banheiro usadas para armazenar alimentos. Foto: Divulgação

A prisão em flagrante de duas pessoas no sambódromo da Marquês de Sapucaí, no Rio de Janeiro, acusadas de estocar alimentos dentro do banheiro de um camarote, é um exemplo do erro que é defender um Estado mínimo no Brasil, afirmou o colunista do UOL Leonardo Sakamoto, no UOL News desta segunda-feira (12). Ao todo, 500 quilos de alimentos foram descartados após a operação de fiscalização.

“A gente ouve, de tempos em tempos, que o Estado tem que ser mínimo, apenas fazer infraestrutura, não se meter no dia a dia da vida das pessoas. Se não fosse o Estado, e basicamente a Vigilância Sanitária é um braço do Estado, o pessoal no camarote teria comido um rango que estava armazenado no banheiro e que teve de ser descartado”, diz Leonardo Sakamoto.

Segundo Sakamoto, esse é um exemplo claro ao povo brasileiro de que o Estado precisa ter força para fiscalizar o cumprimento da lei. E, para tanto, tem que garantir servidores públicos treinados e em quantidade suficiente.

Dona do buffet e responsável pelo espaço foram presas por policiais civis. Foto: MPRJ

“É graças a esse “Estado opressor”, como alguns falam, que o mínimo de qualidade de alimentação pode ser cobrado. Eles (os fiscais) são xingados o tempo inteiro, mas garantem esse mínimo civilizacional — mínimo que também diz respeito a outras dimensões de nossa vida”, diz Sakamoto.

“Precisamos de um Estado para verificar se a comida tem qualidade, se as relações de trabalho estão sendo cumpridas, se as leis ambientais estão sendo obedecidas, ou seja, não apenas se você está sendo roubado ou não. Para um país funcionar, precisa de regras para garantir qualidade de vida e de um Estado com servidores públicos para garantir o cumprimento dessas regras, no dia a dia, porque isso não se faz via Google”, diz Sakamoto.

Publicado originalmente na coluna do autor no UOL

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