Por Leonardo Sakamoto
Pesquisa Atlas/CNN aponta que o deputado federal Guilherme Boulos (PSOL) e o prefeito Ricardo Nunes (MDB) saíram do empate técnico em que estavam em abril (35,6% e 33,7%, respectivamente) para uma pequena vantagem de Boulos acima da margem de erro de dois pontos: 37,2% e 32,6%. Ambos são pré-candidatos à Prefeitura de São Paulo.
A pesquisa é ruim para o prefeito, não só pela situação da disputa com o seu principal adversário, mas por mostrar que a entrada do coach de direita Pablo Marçal (PRTB) rouba votos dele. Neste outro cenário, ele cai para 20,5% e Marçal marca 10,4%. Mas não só.
Mesmo sem ser confirmado como pré-candidato, o apresentador José Luiz Datena (PSDB) aparece com 7,9%, em empate numérico com Kim Kataguiri (União Brasil). E empate técnico com Tabata Amaral (PSB), que está com 9,9% – empatada tecnicamente com Marçal.
Os números podem podem levar o tucanato a chancelar o apresentador como candidato e não mais como companheiro de chapa de Tabata, como se discutia anteriormente. O que também é notícia ruim para Nunes, pois Datena conseguiria atrair um voto da periferia, onde o prefeito é bem cotado. Datena conversa genuinamente com a direita, evangélicos e a classe trabalhadora. E, ao contrário do prefeito, tem personalidade e não é um político – o que, neste cenário, é uma vantagem.
Havia uma expectativa da consolidação da pré-campanha em torno de Nunes, do centro à extrema direita. Isso pressupunha que ele entraria em junho com uma solidez mais robusta, abrindo até dez pontos de vantagem em relação a Boulos dado o uso intenso da máquina pública – que vem asfaltando até o céu.
A campanha do deputado esperava recuperar essa vantagem com a entrada de Lula no horário eleitoral gratuito de rádio e TV.
A não concretização de um cenário de forte descolamento de Nunes, pelo menos não nesta pesquisa e neste momento, trouxe dúvidas a membros de sua “frente ampla” de alianças.
E isso mesmo com os acenos do prefeito ao bolsonarismo nas últimas semanas.
Nunes elogiou a atuação do ex-presidente na pandemia, dizendo que “não faltou nada para ninguém” durante a covid-19, enquanto pesquisas apontam que uma das principais criticas a Jair na capital paulista foi o comportamento negacionista diante da vacina. E promoveu as escolas cívico-militares, pauta bolsonarista. Em uma entrevista, chegou a atacar a imprensa pelas críticas ao modelo e defendeu o fato que policiais devem receber mais que professores.
Há, com isso, o medo de estagnação ou da perspectiva de ausência de crescimento de sua candidatura. Nesse contexto, surge o nome de Pablo Marçal, mais identificado com o bolsonarismo e que vem procurando ocupar o espaço deixado pelo ex-presidente, tornado inelegível pelo Tribunal Superior Eleitoral no ano passado, e o de Datena, mais alinhado com a periferia e sem aliados radioativos. Como o presidente da Câmara dos Vereadores, Milton Leite (União Brasil), envolvido pelo Ministério Público em negócios com a viação Transwolff e o PCC.
Isso, aliás, podem criar problemas para a candidatura de seu correligionário Kim Kataguiri. Nesse caso, os votos do membro do MBL podem migrar para Marçal, fazendo com que ele encoste em Nunes.
O meio de campo fica mais congestionado. E há mais candidaturas competitivas do centro à extrema direita que brigam entre si do que no campo da esquerda, o que pode ser boa notícia para Boulos.
Originalmente publicado no UOL
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