“São homens que não se importam com a vida das mulheres”, diz pastora sobre PL do aborto

Atualizado em 17 de junho de 2024 às 16:02
Pastora Odja Barros, da Igreja Batista do Pinheiro de Maceió. Foto: Carlos Madeiro/UOL

A pastora batista e teóloga Odja Barros disse que o Projeto de Lei 1904/2024 usa indevidamente o nome de Deus “por homens para manter as mulheres sob domínio”. O PL iguala o aborto após a 22ª segunda ao crime de homicídio, resultando em uma pena maior que a condenação de estupro.

“É o que está acontecendo agora com esse PL. Ninguém está se importando com a vida das mulheres e meninas. São homens usando o nome de Deus em suas disputas de poder”, afirmou Odja ao Uol.

Na ocasião, ela ainda afirmou que a Bíblia narra vários casos de histórias onde o jogo de poder usa a vida de mulheres e meninas como uma moeda de troca para obter privilégios e controlar a vida delas.

Pastora da Igreja Batista do Pinheiro, em Maceió, ela já foi expulsa da Convenção Batista Brasileira e ameaçada de morte em 2021 após comemorar um casamento entre pessoas do mesmo sexo. “Jesus não veio para condenar ou penalizar, mas para salvar”, explicou.

Odja celebrando casamento entre mulheres. Foto: reprodução

“Argumentar dizendo ‘é bíblico’ é terrível. Impede o diálogo, é simplesmente para fechar uma postura conservadora e encerrar a conversa. Eles costumam usar a para impedir o diálogo sem uma visão qualificada do assunto. Eu, ao contrário, me posiciono e discuto a partir dos estudos como especialista na área bíblica”, disse Odja.

Em 2020, a teóloga lançou um livro sobre leitura feminista na Bíblia. Ela ainda assessora grupos nessa área. Odja conta que começou a estudar a Bíblia para rebater o argumento de fundamentalistas de que a palavra de Deus colocaria a mulher em posição submissa ao homem.

“Usam e abusam da palavra, dizendo que é de Deus, para tentar colocar de novo as mulheres em lugar de submissão e de inferioridade”, afirmou a religiosa sobre os falsos profetas.

A pastora faz questão de relembrar os exemplos dados por Jesus nos evangelhos, como o caso de quando ele se deparou com uma mulher acusada de adultério para ser apedrejada, seguindo a lei da época. “Mas Jesus não a condenou e nem penalizou e ainda se colocou em defesa dela, deixando-a ir em paz”, destacou.

“É importante mostrar como o nome de Deus sempre foi usado para encobrir a violência contra as mulheres na Bíblia. O texto traz a história de Tamar, abusada pelo meio irmão, filho do rei Davi, que abafa o caso, silencia sobre o estupro da própria filha para proteger seu filho homem”, finalizou Odja.

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