“Se algum juiz te prender, mando prender o juiz”, teria dito Bolsonaro ao hacker Delgatti

Atualizado em 17 de agosto de 2023 às 13:34
Jair Bolsonaro falando e gesticulando, com expressão indignada
O ex-presidente Jair Bolsonaro. Foto: Agência Brasil

O hacker Walter Delgatti Neto afirmou, nesta quinta-feira (17), durante depoimento à Comissão Parlamentar Mista de Inquérito (CPMI) que apura os atos golpistas de 8 de janeiro, que o então presidente Jair Bolsonaro (PL) disse que, se algum juiz desse ordem de prisão ao hacker, ele determinaria a prisão do magistrado.

Bolsonaro também teria dito que ofereceria um indulto presidencial ao hacker, se ele fosse pego em um plano para invadir as urnas eletrônicas. “Ele disse: ‘Fique tranquilo. Se algum juiz te prender, eu mando prender o juiz’. E deu risada”, revelou Delgatti.

O Supremo Tribunal Federal (STF) havia concedido ao hacker o direito de ficar em silêncio, Delgatti, no entanto, resolveu responder aos questionamentos da comissão e, mais uma vez, falou sobre sua ligação com Carla Zambelli (PL) e a tentativa de criar dúvidas sobre as urnas eletrônicas.

Ele detalhou a primeira reunião que teve com a deputada e líderes do PL, partido de Bolsonaro. “Na primeira reunião, estávamos a Carla, o presidente do PL (Valdemar da Costa Neto), os meus advogados, o irmão da Carla Zambelli e eu. E o marido da Carla Zambelli também. O assunto era bem técnico, até que o Valdemar agendou essa reunião mais tarde com o marqueteiro da campanha. O Valdemar entrou em contato com o marqueteiro, e ele disse que, às 15h, ia comparecer no PL”, contou.

Walter Delgatti Neto na CPMI do 8 de Janeiro. Foto: Reprodução

O hacker também comentou sobre um segundo encontro. “O marqueteiro disse que o ideal seria que eu falasse sobre a credibilidade das urnas. A segunda ideia era, no dia 7 setembro, eles pegarem uma urna e colocassem um aplicativo meu. Registrar um voto e sair outro”, disse.

“O código-fonte é o código aberto. Compilado, ele vira apenas um, que é o que estava na urna. Quem tem acesso ao código-fonte antes de compilado consegue inserir linhas. O código-fonte obedece quem está criando ele. Eles queriam que eu fizesse um código-fonte meu e inserisse essas linhas, que chamam de código malicioso”, destacou o hacker.

“Ele tem como finalidade enganar, colocar dúvidas na eleição. Eu criaria um código meu. A ideia dele era falar que a urna, se manipulada, sairia o mesmo resultado. Um código-fonte fake. Essa apresentação fake iria explicar à sociedade, a quem estivesse em 7 de setembro, que era possível aquela urna que eles veem na eleição imprimir outro voto. A ideia era essa”, relatou.

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