Publicado originalmente no Brasil de Fato
Roger Waters, um dos fundadores da banda inglesa Pink Floyd, afirmou que se Julian Assange, fundador do site WikiLeaks, é culpado criminalmente por publicar e divulgar informações de interesse público, ele também é. “Eu vou [para a prisão]. Vamos lá, vocês não precisam me extraditar, pois eu já estou nos Estados Unidos. Vocês apenas precisam vir até mim e bater na minha porta”, afirmou o músico em entrevista ao colunista indiano do Brasil de Fato, Vijay Prashad, para o site NewsClick, nesta terça-feira (8).
“Eles [governo dos EUA] poderiam fazer exatamente isso. Mas teriam de prender centenas de milhares, talvez um milhão de pessoas nos Estados Unidos por compartilharem essas informações, por divulgar, dizer: ‘olhe para isto’”, afirma Waters.
Entre as revelações, o site WikiLeaks publicou um vídeo no qual iraquianos são atacados com armas de fogo por um helicóptero americano, no dia 12 de julho de 2007. Durante três anos, Waters apresentou o vídeo durante a música Run Like Hell, no show The Wall, entre 2010 e 13 ao redor mundo. Por isso motivo, dispara: “se Assange é culpado, eu também sou.”
“Nós deveríamos, todos, em qualquer sociedade razoável e decente, ter acesso a essas informações. Mas isso é inconveniente para os poderosos”, afirma Waters.
No dia 7 de setembro o Tribunal Criminal Central de Londres retomou o julgamento do processo de extradição de Assange. Caso seja extraditado, Assange será julgado na Corte do Eastern District de Virgínia, conhecida “Corte da Espionagem” e famosa pela tradição de condenações.
No total, o governo dos EUA apresentou 18 acusações referentes às publicações de 2010 e embasadas no argumento de que Assange violou segredos de segurança nacional com o objetivo de prejudicar a política externa dos EUA. Até a decisão, ele continua preso na penitenciária de segurança máxima de Belmarsh, em Londres, onde está desde abril de 2019.
“Assange é um jornalista muito dedicado e tenta mostrar a verdade das coisas. Tenho certeza que Julian é um ótimo jornalista e inocente de qualquer crime”, conclui Waters.
Assista a entrevista na íntegra, em inglês:
Edição: Rodrigo Durão Coelho