“Se o governo não fizer maioria, paciência”: Lira detona a articulação política do governo

Atualizado em 1 de junho de 2023 às 23:31
Arthur Lira com expressão pensativa e mão na cabeça
Presidente da Câmara dos Deputados, Arthur Lira (PP-AL). Foto: Sergio Lima

O presidente da Câmara dos Deputados, Arthur Lira (PP-AL), disse que espera que o presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) lidere pessoalmente a formação de sua base aliada na Casa, após o risco de perder a votação da MP da Esplanada dos Ministérios.

A Medida Provisória foi aprovada na quarta-feira (31), após parlamentares do Centrão ameaçarem fazer uma “rebelião” contra o Palácio do Planalto. “Habilidade ele tem”, disse Lira, se referindo ao chefe do governo.

“O presidente Lula foi alertado por mim. E ele hoje é conhecedor de todas as dificuldades que seu governo tem na parte de articulação. E eu espero que tenha servido de ensinamento, para que a partir de hoje, o governo possa encaminhar suas matérias na Casa na construção de uma maioria que ainda não tem”, declarou o presidente da Câmara, à GloboNews.

Na sequência, ele deu a entender que acha que o governo Lula “peca na confiança”: “O clima ontem, infelizmente, era um clima voltado para derrotar a MP”.

Entretanto, o parlamentar disse que sobressaiu a visão de que derrubar a estrutura ministerial do governo seria uma atitude “muito dura: “O governo, sem uma maioria no Parlamento, não pode achar que partidos independentes são obrigados a pautar e votar matérias de interesse de seu governo”.

Lula falando e apontando pra frente
O presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) – Reprodução

Lira também pontuou que teve uma reunião com os líderes da Câmara ontem e pediu que a MP fosse aprovada após um apelo vindo do petista, mas destacou que não poderá mais agir desta maneira se o Planalto não melhorar seu relacionamento com a Casa.

“Se o governo não fizer maioria, paciência, vai ter que respeitar os resultados”, completou ele, rechaçando também a comparação feita nos bastidores entre a relação dele com o Planalto e a disputa entre Dilma Rousseff (PT) e Eduardo Cunha, que terminou com o impeachment da gaúcha, em 2016: “Ninguém pode dizer que atrapalhei o governo”.

Por fim, Arthur Lira destacou que é natural que o governo ofereça ministérios a partidos para que eles sejam atraídos à base, já que esse foi o modelo de coalizão escolhido pelo presidente. Porém, voltou a negar que tenha pedido o comando de pastas na Esplanada ou a demissão de algum ministro, como Renan Filho, dos Transportes, herdeiro de seu maior adversário político em Alagoas, Renan Calheiros.

O presidente da Casa disse que somente pediu que o governo agisse de forma a “moderar excessos” de Calheiros, que o acusou de ter desviado dinheiro e batido em sua ex-mulher.

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