Se o governo Bolsonaro está servindo para alguma coisa — fora o genocídio –, é para mostrar que as Forças Armadas não se importam com sua imagem, reputação ou algo do gênero.
É um bando corporativista que agarrou a oportunidade de mamar no estado com unhas e dentes e não vai mudar de ideia porque meia-dúzia de jornalistas considera que isso prejudica a boa fama da instituição.
Janio de Freitas já sugeriu um “exame honesto e profundo” dos generais diante dessa debacle.
Por que o fariam?
A história vai julgá-los, dizem. Quando é esse encontro com a posteridade? Daqui a 50 anos?
Que Pazuello seja julgado hoje. Que ele e o chefe paguem por seus crimes na pandemia agora. Isso é para ontem, não para amanhã.
São aproximadamente 11 mil militares em bons cargos, absolutamente à vontade, cheios de amor para dar.
Se existisse essa consciência coletiva e essa preocupação com a farda suja, já teriam se mandado há muito tempo — ou derrubado o capitão.
Elio Gaspari, amigo de Golbery e herdeiro de seus arquivos, ajudou a consolidar a mitologia em torno dessa turma com seus tomos sobre a história da ditadura.
A geração anterior pode ter tido um projeto nacionalista. Geisel tinha, ao menos. Figueiredo, seu sucessor, era um cavalariço que odiava o cargo e o povo.
Desde a redemocratização, não tinham tanta moleza.
Onde mais o vaidoso pequeno Heleno teria tantos holofotes? Sujeito tem gabinete, serviçais, prestígio e voz.
Villas Bôas resumiu a “ideologia” do Exército em seu livro com a FGV: “Bolsonaro deu ênfase ao combate ao politicamente correto, do qual a população estava cansada. A Globo, o reino do politicamente correto, foi o mais importante cabo eleitoral do presidente eleito”.
Esse olavismo infantil norteia o “comandante”, homem tido como “moderado” entre seus pares.
Enquanto o pixuleco garantido por Bolsonaro estiver pingando, ninguém vai romper a ordem unida.