“Se tivesse falado do Bolsonaro, não teria acontecido”, diz pastor afastado por defender Lula

Atualizado em 19 de setembro de 2022 às 18:41
Pastor Sergio Dusilek. Foto: Brenno carvalho

Após viralizar um vídeo na internet em que diz que “a Igreja tem que pedir perdão ao presidente Lula”, o pastor Sergio Dusilek foi pressionado a renunciar à presidência da Convenção Batista Carioca. Evitando sair de casa e se mantendo recluso, o religioso diz que o ocorrido reforçou suas convicções e lhe deixou uma certeza.

“Se eu tivesse falado do Bolsonaro, não teria acontecido nada disso”, afirma Sergio.

Em entrevista ao jornal O Globo publicada nesta segunda-feira (19), Dusilek relatou a pressão e os ataques que vem recebendo depois das declarações favoráveis ao ex-presidente e candidato Lula (PT) e revelou que uma amiga sugeriu que ele deveria  “andar com segurança”.

“Por enquanto, eu tenho me reservado mais, mas eu ainda não fiz nenhum movimento de mudança. Uma amiga minha que não mora no Brasil me ligou e perguntou se eu estava andando com segurança. Eu falei primeiro que acho complicado um pastor andar com segurança e também falei que mesmo que quisesse, segurança custa dinheiro e eu não tenho. Deus vai continuar sendo meu guarda” disse na reportagem.

O pastor havia participado de um evento com o candidato petista na sexta-feira retrasada (9), na Região Metropolitana. No ato em São Gonçalo, Dusilek disse que a igreja deveria pedir perdão ao ex-presidente. Segundo ele, o discurso teria ocorrido por acaso, assim como sua presença no local.

“Eu falei por mim como pessoa física, estava em um ambiente que não é religioso, era um clube, que eu nem sabia que existia. Fiquei sabendo do encontro na véspera por uma amiga e fui em respeito a essa amiga. Chegando lá, um dos organizadores era um professor da UFRJ que eu conheço, e ele sentou do meu lado e perguntou se eu queria ir até a frente e depois me ofereceram a fala. Isso faltando meia hora para o evento”, esclarece o religioso.

Alguns dias depois, o vídeo começou a circular entre grupos religiosos. Sergio foi alvo de respostas e ataques de pastores de outras igrejas Batistas e de outras correntes evangélicas. A pressão chegou até o comando da Convenção Batista Carioca que levou à renúncia de Dusilek do comando. Entretanto, para ele, renunciar ao cargo não significou arrependimento do discurso.

“Eu não me arrependo do que eu falei. Eu fico muito triste, pois eu não tinha intenção de ferir as pessoas, mas o fato de elas ficarem feridas, para mim é um sinal de que o que eu disse estava certo. Então não é o que eu falei, mas para quem eu falei, ou de quem eu falei. Se eu tivesse falado que Bolsonaro é um santo de Deus, é o nosso messias para salvar o Brasil. Se eu falo isso, não teria nenhuma dificuldade”, afirma ele.

Dusilek ainda não retornou para a igreja onde é pastor e não sabe como será o retorno, ou se ao menos, voltará, já que o receio de alguma retaliação mais violenta ainda é grande.

“Eu fico triste, mas não posso falar que estou surpreso. Acho que a igreja evangélica cresceu, mas o evangelho não cresceu junto. Para mim, foi surpreendente ser pastoreado pela Gleisi Hoffman. Eu não tive palavras de carinho de nenhuma diretoria, mas tive da presidente do PT. Isso é um contrassenso para mim. Não é do feitio do evangelho que houvesse tanta violência. Não cabe a igreja demonizar ninguém”, finalizou.

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