Publicado originalmente no site da RFI
Seis agentes da inteligência militar russa foram indiciados nos Estados Unidos por ataques cibernéticos globais, que visaram principalmente as eleições presidenciais de 2017 na França e as Olimpíadas de Inverno de 2018, na Coreia do Sul, revelou o Departamento de Justiça dos Estados Unidos nesta segunda-feira (19).
Esses agentes são acusados de realizar “a mais destrutiva e perturbadora série de ataques a computadores já atribuídos a um único grupo”, disse o procurador geral adjunto dos EUA, John Demers, responsável pela segurança nacional, em entrevista coletiva.
Os hackers são acusados de terem realizado suas operações entre 2015 e 2019. Segundo a Justiça americana, seu primeiro feito foi um ataque à rede elétrica ucraniana, que privou a população de aquecimento em pleno inverno.
Eles são suspeitos de terem realizado o ataque com o malware (software que é projetado especificamente para interromper, danificar ou obter acesso não autorizado a um sistema de computador) NotPetya que, em junho de 2017, infectou milhares de computadores em todo o mundo, interrompendo infraestruturas críticas, como os controles no local do acidente nuclear em Chernobyl e os portos de Mumbai, na Índia, e Amsterdã, na Holanda.
“Os réus também apoiaram uma operação de invasão de contas e vazamento de informações nos dias que antecederam as eleições francesas de 2017”, acrescentou Demers.
Em 2018, campanhas de phishing tiveram como alvo os Jogos Olímpicos de Inverno na Coreia do Sul, nos quais a delegação russa, acusada de doping, não pôde participar. Pishing é uma técnica de fraude na Internet que visa obter informações confidenciais (senha, dados bancários, etc.) com o objetivo de usurpar a identidade da vítima.
Hacker russo é julgado na França
Enquanto isso, ocorre na França o julgamento do russo Alexander Vinnik, suspeito de estar por trás de ataques cibernéticos massivos na França e em todo o mundo. O julgamento foi iniciado nesta segunda-feira (19), no Tribunal Criminal de Paris, e deve durar até quinta-feira (22).
Vinnik, preso quando estava de férias na Grécia em 2017 e solicitado pelos Estados Unidos e pela Rússia, foi entregue à França em janeiro passado. A Justiça francesa suspeita que ele esteja por trás do malware “Locky”, do qual cerca de 200 indivíduos, comunidades e empresas foram vítimas em todo o território entre 2016 e 2018.
Esse malware criptografa dados em sistemas de computador e só os desbloqueia quando uma chave é obtida. Esse “antídoto” só pode ser entregue em troca de pagamento de resgate. O ataque teria causado danos estimados em 2018 em cerca de € 135 milhões em todo o mundo.
“Não tenho nada a ver com o vírus Locky”, disse o russo diante da Justiça francesa, que enumera os fatos de intrusão em sistemas de informática, extorsão e lavagem de dinheiro de que Alexander Vinnik é acusado.
(Com informações da AFP)