O primeiro-ministro de Israel, Benjamin Netanyahu, anunciou nesta quarta-feira (31) que o país aplicou um “golpe esmagador” contra aliados do Irã. Em seu pronunciamento na TV israelense, ele não mencionou diretamente o assassinato do chefe do Hamas, Ismail Haniyeh, ocorrido em Teerã.
Netanyahu afirmou que Israel cobrará um preço alto por qualquer agressão: “Cidadãos de Israel, dias desafiadores estão por vir. Desde o ataque em Beirute, há ameaças vindas de todas as direções. Estamos preparados para qualquer cenário e permaneceremos unidos e determinados contra qualquer ameaça. Israel cobrará um alto preço por qualquer agressão contra de qualquer arena”, disse.
O líder supremo do Irã, aiatolá Ali Khamenei, prometeu vingança pela morte de Haniyeh, embora Israel não tenha assumido a autoria do ataque. Haniyeh, o principal nome do braço político do Hamas, foi morto durante uma visita a Teerã para a posse do novo presidente iraniano, Masoud Pezeshkian. “O Irã defenderá sua integridade territorial” e “Israel se arrependerá pelo assassinato covarde”, declarou Pezeshkian.
Apesar da falta de confirmação oficial por parte de Israel, o ministro da Defesa israelense, Yoav Gallant, afirmou que o país “não quer guerra, mas estamos preparados para todas as possibilidades”. Um porta-voz do governo israelense confirmou que estão em alerta máximo para possíveis retaliações.
A Guarda Revolucionária do Irã, braço de elite das Forças Armadas iranianas, declarou que “o Irã e a frente de resistência responderão a esse crime”. O Hamas também prometeu vingança pelo assassinato. O governo iraniano anunciou luto de três dias e a realização de um funeral para Haniyeh, seguido por seu enterro em Doha, no Catar.
A tensão na região aumentou, com os territórios palestinos declarando greve geral. O embaixador do Brasil na Palestina, Alessandro Candeas, informou que ainda não havia manifestações na Cisjordânia, mas o clima é de apreensão. “Acompanhamos a evolução da situação. Por enquanto, (há) greve geral, sem manifestações de rua. Checkpoints de algumas cidades como Hebron estão fechados”, disse Candeas.
Egito e Turquia acusaram Israel pelo assassinato, com o Egito afirmando que o incidente complica as negociações de cessar-fogo na Faixa de Gaza. O presidente turco, Recep Tayyip Erdogan, declarou que o assassinato visa interromper a causa palestina e a resistência em Gaza.
O Hamas e a Guarda Revolucionária confirmaram que Haniyeh e um de seus guarda-costas foram mortos em um ataque à residência de veteranos de guerra no norte de Teerã. “A residência de Ismail Haniyeh, chefe do escritório político da Resistência Islâmica do Hamas, foi atingida em Teerã, e como resultado deste incidente, ele e um de seus guarda-costas foram martirizados”, disse um comunicado da Guarda Revolucionária.
O presidente palestino, Mahmoud Abbas, condenou veementemente o assassinato de Haniyeh, enquanto grupos palestinos convocaram manifestações em massa. Haniyeh, que tinha a prisão pedida pelo Tribunal Penal Internacional por crimes de guerra, era visto como um moderado dentro do Hamas, negociando acordos de cessar-fogo entre Gaza, Turquia e Catar.