Enquanto o Brasil ultrapassava a marca de 300 mil mortos por COVID-19, o novo ministro da Saúde, Marcelo Queiroga, deu uma entrevista coletiva para apresentar a si e a suas propostas de enfrentamento à pandemia. Todavia, como dizia o Barão de Itararé, de onde menos se espera é que nada vem mesmo.
Entre citações do Papa Francisco e de Santo Agostinho, não foram apresentadas estratégias concretas.
Houve apenas a apresentação do desejo de vacinar 1 milhão por dia e do discurso vazio de “avançar”, “trabalhar muito”, “gerar luz” e, o que talvez seja o principal do discurso, uma tentativa de aproximação da imprensa.
Aliás, foram reiterados os pedidos para que a imprensa atue junto ao Ministério da Saúde. Até o ministro das Comunicações, Fábio Faria, se manifestou na coletiva, ao pedir à imprensa para fazer um consórcio para divulgar notícias boas, como o número diário de vacinados.
De concreto, além de errar o nome do seu número dois e de ser contra qualquer forma de lockdown, Queiroga dará início a uma desmilitarização do grupo que cerca o seu cargo, trazendo para perto de si profissionais da Faculdade de Medicina da USP.
No entanto, não apontou para remoção ou troca dos protocolos médicos de tratamento à doença, reafirmando a “autonomia médica” – uma espécie de curandeirismo com diploma – nem testagem e controle.
Pior: citou um medicamento dizendo que pode matar pacientes, mas que sabendo quando usá-lo pode salvar vidas. Esperamos que o genocida do Planalto não o tome como novo produto para propaganda política.
Quanto às mudanças da divulgação do número de mortes, que acabou por reduzir absurdamente os números divulgados pois passou a exigir muitos dados dos pacientes, Queiroga não estava a par.
Ou seja, há uma semana se preparando para assumir o cargo de Ministro, não sabe o que se passa sob sua autoridade. O que propõe mesmo é que esqueçamos o que foi até agora e olhemos adiante. Uma fala que lembrou a ex-namoradinha do Brasil, Regina Duarte, em sua curta e patética passagem pela pasta da Cultura.
Talvez o que nos reste, na melhor das hipóteses, é esperar que o ministro seja menos mortífero do que tem sido até agora o governo federal, já que para reduzir o número de óbitos não basta apenas políticas de saúde, mas também econômicas e sociais.
Mas como disse o próprio Queiroga, ele recebeu ordens do presidente para “tranquilizar a população brasileira”. Não entendeu ou não quer ou não pode entender nem assumir que o que tranquilizaria a sociedade brasileira seria a saída dos genocidas do Planalto e do Ministério da Economia.
O Barão continua atualíssimo.