Sem medo de ser colônia, o troféu da Lava Jato. Por Fernando Brito

Atualizado em 7 de fevereiro de 2020 às 9:35
Nos últimos dias, Bolsonaro e Moro trocaram elogios em público. Mas reaproximação é incerta
Foto: Presidência da República

Publicado originalmente no blog Tijolaço

POR FERNANDO BRITO

Matriz ou filial, samba canção de Lúcio Cardim que Jamelão imortalizou, já não serve para classificar o Brasil.

Agora, com o plano do governo Bolsonaro – adiantado hoje pela Folha, nem mesmo filial é preciso ter para ganhar dinheiro no nosso (?) país.

Bens, serviços e obras não precisarão mais, para serem comprados ou contratados, que empresas estrangeiras sequer abram aqui um escritório de representação.

Isso abrange, inclusive, o setor de construção pesada, no qual o Brasil era não só autossuficiente, mas também um exportador, com contratos por toda parte do mundo e onde os créditos do BNDES (estes mesmos que a auditoria da caixa-preta provou serem lícitos e corretos) serviam para estimular toda a cadeia de suprimentos para a sua realização.

Uma bomba nuclear não seria tão devastadora sobre estas empresas, sobre centenas de milhares de empregos e sua agora nula capacidade de trabalhar aqui e lá fora.

E, arruinadas aqui as nacionais, porta totalmente aberta para os estrangeiros.

Agora basta contratar a obra lá de fora, mandar uns místeres para cá, contratar a peonada, com uns tradutores-feitores e levar o grosso o dinheiro para fora.

A industrialização do Brasil, cujas bases Getúlio Vargas e JK lançaram, desparece. Nem mesmo montadoras de peças importadas precisaremos ter.

A elite brasileira se lançou no projeto de que aqui seja apenas um entreposto colonial, que que seu projeto econômico seja apenas o de receber comissões, como a proxeneta a nação.

Aliás, mesmo, o que vale lembrar é da velha expressão: “casa de porta aberta”.