Sem ser detectado, Tsunami da altura do Big Ben atinge o planeta; saiba mais

Atualizado em 13 de outubro de 2024 às 8:47
Fiorde Dickson, região em que o tsunami do tamanho de um arranha-céu chacoalhou o planeta e ninguém viu. Imagem: reprodução.

Cientistas especialistas em terremotos detectaram, em setembro de 2023, um sinal sísmico peculiar que se espalhou por estações de monitoramento em todo o mundo, do Ártico à Antártica.

Diferente do padrão habitual de um “estrondo” forte em frequências associado a terremotos, o sinal era um zumbido monótono, persistindo por nove dias. Esse fenômeno, inicialmente rotulado como um “objeto sísmico não identificado”, foi posteriormente rastreado até um maciço deslizamento de terra no Fiorde Dickson, na Groenlândia, que resultou em um megatsunami de 200 metros de altura, uma onda monumental que supera a altura do Big Ben e é significativamente maior do que qualquer tsunami registrado após grandes terremotos, como os de 2004 na Indonésia e 2011 no Japão. Texto com informações do site The Conversation Brasil.

A pesquisa sobre esse evento, publicada na revista Science, contou com a colaboração de 66 cientistas de 40 instituições em 15 países. Para entender a complexidade do fenômeno, os pesquisadores combinaram dados sísmicos, imagens de satélite e medições de nível de água, além de simulações detalhadas sobre a evolução do tsunami. Essa análise revelou uma sequência de eventos catastróficos resultantes de décadas de aquecimento global, que afinaram a geleira em várias dezenas de metros, tornando-a incapaz de sustentar a massa da montanha acima.

O acontecimento deixa em evidência uma verdade alarmante sobre as mudanças climáticas: elas estão remodelando nosso planeta de maneiras que apenas começamos a compreender. O deslizamento de terra e o subsequente megatsunami não só desafiam nossa percepção sobre a dinâmica dos desastres naturais, mas também indicam que mudanças climáticas podem desencadear eventos sísmicos de grande escala com impactos globais.

Além de suas implicações imediatas, essa descoberta traz à tona a necessidade de reavaliar o entendimento e abordagem em relação às mudanças climáticas. Historicamente, as discussões sobre o clima concentraram-se em mudanças na atmosfera e nos oceanos, mas o evento no Fiorde Dickson obriga-nos a olhar para a crosta terrestre e reconhecer que o aquecimento global pode desestabilizar regiões que antes eram consideradas seguras.

Deslizamentos de terra e tsunamis são fenômenos que já ocorreram, mas o evento de setembro foi o primeiro de sua natureza registrado no leste da Groenlândia, uma área que parecia imune a esses desastres. À medida que o permafrost e as geleiras continuam a derreter, eventos similares podem se tornar mais frequentes, afetando regiões polares e montanhosas ao redor do mundo. Regiões instáveis, como o oeste da Groenlândia e partes do Alasca, são mais vulneráveis a novos deslizamentos.

Diante desse cenário, a comunidade científica precisa adaptar seus métodos de pesquisa e resposta a desastres. O evento de 2023 revelou a falta de um protocolo padronizado para analisar fenômenos desse tipo, sublinhando a necessidade de uma nova mentalidade e abordagem científica. O aquecimento global está gerando condições extremas que desafiam o que é conhecido.

À medida que o clima do planeta continua a se alterar, o mundo precisa estar preparado para fenômenos que exigem novas formas de pensar e agir. A tremenda força que emerge do solo sob nossos pés reflete não apenas mudanças físicas, mas também uma necessidade de revisão de estratégias e políticas frente a uma nova realidade climática.

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