Sem Terra já plantaram 4 milhões de árvores nas áreas da Reforma Agrária Popular

Movimento mobiliza ações de enfrentamento à crise ambiental neste 21 de setembro, durante o marco de celebração do Dia da Árvore

Atualizado em 23 de setembro de 2022 às 7:44

 

Nesta quarta (21), data em que se celebra o Dia da Árvore, o Movimento dos Trabalhadores Rurais Sem Terra (MST) promove diversas ações de enfrentamento à crise ambiental, desenvolvidas pelas famílias Sem Terra em todas as grandes regiões do país, com o lema “Reforma Agrária Popular: Plantar o Brasil da Esperança”.

As ações previstas envolvem desde a intensificação do plantio de árvores e manejo de mudas nos Viveiros Populares, tomadas desde 2020, a partir da iniciativa do MST com o “Plano Nacional Plantar Árvores, Produzir Alimentos Saudáveis”. Contando com o lançamento da segunda edição do Caderno de Agroecologia do MST, em conjunto com a realização de atividades formativas nos acampamentos e assentamentos na construção da conscientização e prática ambiental, no fortalecimento da defesa dos biomas das áreas da Reforma Agrária Popular. Além da massificação de denúncias de crimes ambientais impunes que têm sido feitos, inclusive, com o apoio de candidatos/as do agronegócio às eleições de 2022.

“Com a política de destruição ambiental desenvolvida pelo Governo Bolsonaro há mais de três anos no Brasil, a cada dia crescem os números do desmatamento, dos crimes ambientais e das diversas violências contra os povos do campo, das águas e das florestas. Não é à toa que o desmatamento cresceu 20% em 2021, enquanto os assassinatos no campo cresceram 75%” – denuncia Bárbara Loureiro, da coordenação do plano.

Agronegócio foi responsável por 97% do desmatamento no país ano passado

Ela explica que nestas eleições, ruralistas que bancam as candidaturas do agronegócio querem vender o discurso da sustentabilidade, mas por trás desse discurso escondem interesses que contradizem suas reais intenções. “Com as eleições deste ano, este é um momento decisivo para o futuro do país e do meio ambiente, pois o futuro do país, da agricultura camponesa e da Reforma Agrária dependem da recuperação e preservação ambiental” – sinaliza Loureiro.

Em contrapartida às investidas de devastação ao meio ambiente praticadas em níveis recordes no país, as famílias Sem Terra já plantaram mais de 4 milhões de árvores nativas, na preservação das áreas onde vivem e trabalham, cultivando a natureza e produzindo alimentos saudáveis, livres de agrotóxicos. A meta do plano ainda pretende alcançar o plantio de 100 milhões de árvores.

Neste sentido, o envolvimento da juventude neste processo é visto como central no engajamento e formação das futuras gerações de trabalhadores/as rurais, que perpetuarão a longo prazo as ações de recuperação e preservação das áreas da Reforma Agrária, que todavia foram devastadas pelo agro-hidro-negócio, mineração, entre outras atividades predatórias à vida e ao meio ambiente.

“O plano visa chamar a atenção da sociedade para a importância e urgência da inserção do povo trabalhador no debate ambiental e também na construção de alternativas à crise ambiental”, explica a militante do MST, Aline Oliveira. “Uma vez que é o povo que mais sofre suas consequências, e para o Movimento a melhor forma de fazer isso é o exemplo e a prática” – complementa Camilo Augusto, ambos do Coletivo da Juventude Sem Terra e do Plano Nacional Plantar Árvores, Produzir Alimentos Saudáveis.

O agronegócio foi apontado como o setor responsável por 97% do desmatamento no Brasil, no ano passado, segundo MapBiomas. Com isso, além da necessidade de popularizar o debate sobre sustentabilidade, capturado uma parcela muito elitizada ainda da população, o foco das atividades de protesto neste Dia da Árvore é sobretudo contra o agronegócio, entre outras atividades de exploração, que são inimigas do meio ambiente e do povo brasileiro.