Na manhã de 14 de agosto, por volta das 8 horas, Alberto Youssef, de 56 anos, chegou à unidade da Polícia Penal do Paraná em Curitiba. O evento, registrado em um dia frio com temperatura de 3ºC, marcou o fim de uma era de monitoramento eletrônico para o ex-doleiro.
De acordo com a revista Piauí, vestindo uma combinação discreta em tons de azul-marinho, Youssef foi recebido cordialmente pela advogada Giovana Menegolo. Conhecido por seu papel crucial na Operação Lava Jato, ele foi monitorado eletronicamente por mais de sete anos.
A retirada da tornozeleira eletrônica, um dispositivo da Spacecom com características como “bateria superior a 30 horas” e “detecção de impactos”, foi autorizada pelo Superior Tribunal de Justiça (STJ) em 6 de agosto. Com a remoção do dispositivo, a fiscalização do cumprimento da prisão domiciliar será realizada por meio de pelo menos duas visitas surpresas de oficiais de Justiça por mês.
De acordo com o acordo de colaboração premiada, a pena original de 122 anos foi reduzida para 30 anos, restando 20 anos a cumprir.
O papel de Alberto Youssef na Lava Jato
Alberto Youssef, preso no início da Lava Jato em 17 de março de 2014, foi um dos principais colaboradores da investigação, revelando um esquema de corrupção que envolvia altos executivos e políticos, como o atual presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) e Eduardo Cunha.
Após sua liberação da tornozeleira, o ex-doleiro seguiu para Itapoá, Santa Catarina, onde vive em um condomínio à beira-mar e trabalha como gerente na CDI Terminais. A decisão de retirá-lo do monitoramento eletrônico representa um marco importante em sua vida pós-Lava Jato, embora ele ainda enfrente desafios significativos.
Youssef possui dívidas substanciais com a Receita Federal, estimadas em mais de 1 bilhão de reais, decorrentes de operações financeiras não declaradas. Apesar das dificuldades financeiras, o ex-doleiro mantém um perfil discreto e confortável em Santa Catarina.
Histórico de colaboração e acordos
O acordo original de colaboração premiada de Alberto Youssef foi firmado em 24 de setembro de 2014, e sua delação ajudou a desvendar esquemas de corrupção em diversas estatais. Embora o acordo inicial permitisse o retorno de uma fração dos valores desviados, um aditivo de 2015 revogou essa cláusula e reduziu o período de prisão em regime fechado.
O episódio da escuta ambiental instalada na cela do ex-doleiro, descoberta em 2014, gerou controvérsias e levou a investigações sobre possíveis irregularidades na condução da Lava Jato. A sindicância revelou gravações de 260 horas, que só recentemente foram acessíveis à defesa dele.