Há uma comoção em torno de uma bravata de um general de pijama chamado Luiz Gonzaga Schroeder Lessa.
Em matéria do Estadão com 10 mil compartilhamentos no momento em que digito estas mal traçadas, Lessa diz que, se o STF não mandar prender Lula, estará agindo como “indutor” da violência entre os brasileiros, “propagando a luta fratricida, em vez de amenizá-la”.
Ele ainda garantiu que, caso o petista se candidate e se eleja, não restará outra alternativa a não ser a intervenção militar.
“Se acontecer tanta rasteira e mudança da lei, aí eu não tenho dúvida de que só resta o recurso à reação armada. Aí é dever da Força Armada restaurar a ordem. Mas não creio que chegaremos lá”, amenizou.
Na semana passada, a uma rádio gaúcha, Lessa fez terrorismo: “Vai ter derramamento de sangue, infelizmente é isso que a gente receia.” A crise “vai ser resolvida na bala”.
Consultado, o Exército falou o óbvio: trata-se da “opinião pessoal” do cidadão.
À direita e à esquerda, o pânico está sendo semeado, usando o velho espantalho da ditadura. Não é preciso ser muito esperto para saber quem se beneficia desse clima.
Lessa representa uma parcela das Forças Armadas sem influência, sem tropa e sem noção.
O mais famoso da turma é o Mourão, exonerado no fim do ano passado.
Mourão, aliás, aparece numa matéria desonesta da Istoé (perdão pelo pleonasmo) lamentando que o Supremo perdeu o “espírito público” após a decisão de suspender o julgamento do habeas corpus de Lula até o dia 4 de abril.
Luiz Gonzaga Schroeder Lessa é um terraplanista das antigas, autor de peças dignas do prêmio IgNobel.
Presidente de uma certa Academia de Ciências Políticas e Morais, mandou para o amigo Ives Gandra Martins o resumo de uma sentença do Tribunal Europeu de Direitos Humanos, com sede em Estrasburgo, na França.
Por unanimidade, 47 juízes dos 47 países declaravam que “não existe um direito ao casamento homossexual”.
Acusou a Globo de “defender, publicamente, como arte, cenas do mais baixo nível, intrinsicamente ligadas à pedofilia, zoofilia, necrofilia, homossexualismo e outras bizarrices, taxando-as como educativas, destinadas a quebrar os tabus e os princípios de unidade que governam a chamada “família tradicional”.
Em 2011, por ocasião da queda de Nelson Jobim do Ministério da Defesa, escreveu no site da Academia Brasileira de Defesa que Jobim tinha “psicótica necessidade de se fantasiar de militar” e “já vai tarde”, entre outros agrados.
No mesmo texto, elogiou Dilma, que estava comandando as FA “na plenitude da sua competência”.
Por que batem no STF? Demagogia e caos institucional.
Mourão está coordenando uma frente de candidatos milicos em 2018.
Se todo o mundo passa a mão na bunda dos ministros para tirar uma casquinha “em nome da democracia”, por que não eles?