Originalmente publicado em HORA DO POVO
A seguir íntegra do texto da ex-ministra do Meio Ambiente avaliando a decisão do ministro Edson Fachin, do STF, que remeteu os processos contra Lula para novo julgamento. “O justo é investigar todos: os de ontem e os de hoje que cometem crimes, tanto por práticas dolosas quanto por conspurcar o processo judicial”, diz Marina.
Vai custar muito para a população brasileira entender e assimilar o que está acontecendo no país.
Além da situação insustentável da pandemia, juntam-se os fatos nos quais se cruzam a Política e a Justiça, em lances nos quais juízes e julgados da Lava-Jato trocam de posições e engendram análises, posturas e explicações que nos deixam perplexos e carentes de lógica e de rumo. O que é justo? O que é legal? Que custo tudo isso trará ao país?
O ex-presidente Lula está recebendo os requeridos reparos pelas distorções processualísticas que sofreu. Mas os fatos apurados, que destino terão?
Os graves erros cometidos por Moro no decorrer da Lava-Jato, atropelando o correto curso da Justiça, em favor de suas conveniências pessoais, merecem ser julgados e punidos. O estrago que ele fez é enorme, num país onde já falta confiança na aplicação das leis e na isonomia da punição.
Porém, desaparecem os ilícitos, os crimes, os malfeitos descobertos pela Lava-Jato, a partir da corrupção praticada na Petrobrás?
Houve, sim, um monumental assalto aos cofres públicos, desvios, favorecimentos. Houve, sim, uso indevido do Estado para acobertar interesses de grupos políticos e empresariais. Há, sim, o que investigar e, certamente, há culpas que devem ser punidas.
O justo é investigar todos: os de ontem e os de hoje que cometem crimes, tanto por práticas dolosas quanto por conspurcar o processo judicial.
Não deve permanecer o sentimento de que tudo foi uma farsa, uma invencionice, que nada aconteceu, e vamos tocar a vida.
Dure o tempo que durar um processo legítimo, não se pode aceitar que tudo seja jogado para baixo do tapete, que os erros cometidos, de quaisquer partes, passem à História como mais um testemunho de que o Brasil não tem jeito.