Publicado originalmente no Brasil de Fato:
Por Vitória Rocha
Médico da saúde da família, Aristoteles Cardona avalia que não é totalmente segura a reabertura de bares, restaurantes e salões de belezas na cidade de São Paulo prevista para segunda-feira (6).
“É preocupante (a reabertura) porque os números [de casos e mortes por coronavírus] ainda estão crescendo. Provavelmente nos próximos 15 dias sentiremos o impacto disso – neste período, poderemos ver um número de casos e mortes que não esperávamos para o momento”, comenta.
Ontem, o prefeito de São Paulo, Bruno Covas (PSDB), anunciou que estes serviços poderão reabrir com 40% da capacidade, segundo os protocolos de segurança, como a triagem rápida diária dos funcionários, o funcionamento até às 17h e a instrução do uso de máscaras dentro de bares e restaurantes, sendo retiradas apenas nos momentos de alimentação. Já salões de beleza devem funcionar por até seis horas por dia, também com 40% da capacidade.
Assegurar que os consumidores e trabalhadores estarão protegidos nestes casos é uma situação complexa, segundo Cardona. “Em bares e restaurantes você vai estar bebendo, conversando, comendo. Além dos garçons e garçonetes que estarão trabalhando. Não consigo imaginar uma forma realmente segura para estes estabelecimentos atuarem”, pontua.
Fase amarela
Embora São Paulo seja o estado com maior número de casos (310.702) e mortes (15.694), o governador João Doria (PSDB) incluiu o funcionamento de academias de ginástica e eventos na chamada fase amarela da reabertura, o que também é um fator de atenção, de acordo com Cardona.
“Esses serviços não são essenciais e essa reabertura é muito arriscada. Seria preciso buscar outras maneiras de manter a economia se movimentando. Academias, por exemplo, representam aglomerações de pessoas emitindo gotículas de saliva, de suor, é muito preocupante”, conclui.
O Brasil é o segundo país do mundo em números absolutos de coronavírus, entre infectados e mortos. Ontem, os óbitos oficiais por causa do coronavírus chegam a 63.174. Entre quinta (02) e sexta-feira (03) foram registrados 1.290 casos fatais. No Rio de Janeiro, segundo estado com maior número de registros, a capital foi autorizada a reabrir bares e restaurantes na última quinta-feira (02).