“Será um inverno longo”, diz Haddad sobre combate à extrema-direita

Atualizado em 28 de abril de 2024 às 7:53
Fernando Haddad, ministro da Fazenda. Foto: Pedro Ladeira/Folhapress

O ministro da Fazenda, Fernando Haddad, falou sobre o primeiro ano do terceiro mandato do presidente Lula (PT), abordando questões como comunicação digital, combate às fake news e desafios políticos, em uma entrevista exclusiva concedida à Folha de S.Paulo em seu gabinete no Ministério da Fazenda, em Brasília.

Haddad destacou que o governo Lula está comprometido com uma “saída democrática” para lidar com a disseminação de discursos de ódio nas redes sociais, em contraste com abordagens autoritárias adotadas por outros países, mas que precisa aprender a lidar com a extrema-direita, o que será, segundo ele, “um inverno longo”.

O ministro reconheceu a necessidade de melhorias na comunicação digital do governo e no enfrentamento das fake news, destacando o desafio global enfrentado por muitas nações. “Eu concordo com os críticos que dizem que nós ainda estamos muito analógicos nas redes sociais. O combate às fake news é um problema ainda para nós”, afirmou Haddad.

“A extrema-direita não é episódica. Ela pode até durar pouco no curso da História. Mas às custas de muita destruição às vezes. Às vezes as pessoas exigem do Lula uma coisa que ninguém está disposto a oferecer por si próprio. Ele é um ser humano. Sofreu, passou agruras e enfrentou desafios que pouca gente teria condições de superar”, disse antes de mencionar a Segunda Guerra como um episódio causado pela extrema-direita. “Foram 60 milhões de vidas perdidas”, explicou.

Arthur Lira (PP-AL) e Fernando Haddad. Foto: reprodução

Sobre o presidente Lula, Haddad compartilhou sua percepção sobre a evolução do líder político ao longo dos anos, observando mudanças em sua abordagem e perspectiva. Ele destacou que Lula é “um produto da modernidade” e enfatizou a importância de proteger o Estado laico em meio ao uso malicioso da religião na política.

No contexto político, Haddad analisou o cenário atual, destacando a aliança entre o PT e alguns partidos de direita como uma medida para evitar o “mal maior”, referindo-se aos grupos bolsonaristas. Ele ressaltou a importância de uma repolarização em torno de perspectivas democráticas e saudáveis.

Para exemplificar seu ponto, o ministro analisou que “enquanto a extrema-direita estiver com essa força e com esses instrumentos de ataque, essa aliança será uma proteção para o país. Isso ocorre também em Portugal, na Espanha, mundo afora”.

Ao discutir as questões econômicas, Haddad abordou a importância da reforma tributária e criticou a gestão anterior, de Paulo Guedes e Jair Bolsonaro (PL) descrevendo-a como falha em suas promessas e fantasias. Ele reforçou o compromisso do governo com políticas públicas eficazes e a reorganização do Estado em diversas áreas.

“A reforma da Previdência foi feita à revelia dele. Falavam coisas fantasiosas, que ela geraria uma economia de R$ 1 trilhão. Que mais R$ 1 trilhão seriam arrecadados em privatizações. Que haveria ajuste fiscal no primeiro ano de governo”, afirmou. E o que aconteceu? Nada. O déficit em 2020 foi de quase R$ 1 trilhão”, disse na entrevista publicada neste domingo (28).

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