Atribuindo a informação a auxiliares do derrotado, a Folha de S. Paulo diz que Bolsonaro “afundou novamente na tristeza com a proximidade de sua saída dos palácios da Alvorada e do Planalto”. Por isso, vai interromper as aparições públicas e voltar a ficar em silêncio (aleluia!).
Do jeito que está escrito, parece que ele vai sentir falta dos imóveis. Chora, talvez, de saudade antecipada da ema.
O jornal diz, em seguida, que ele está “deprimido e inconformado com a derrota”. Imagino que sim. Bolsonaro não parece ser capaz de entender que, se as eleições são minimamente limpas, a derrota é sempre uma possibilidade.
Ou talvez até entenda, mas não se conforma porque, afinal, ele fez de tudo para que as eleições não fossem minimamente limpas.
Tenho certeza de que a principal razão do choro de Bolsonaro é outra, que a Folha deixa de lado. É sua perspectiva de futuro.
Se o novo governo tiver algum sucesso, mesmo que pequeno, na tarefa urgente de retomar a vigência da Constituição, o destino de Jair Bolsonaro é a cadeia.
E, fora da presidência, ele perde muito do único recurso que tem para evitar ser preso: a capacidade de gerar tumulto no país.
Bolsonaro sabe que o entusiasmo de seus apoiadores, dos financiadores do golpismo, vai esfriando conforme ele perde o poder de conceder benesses.
Sem a caneta na mão, ele logo se converte – parafraseando a frase imortal de Kaká – em só mais um velhote fascista andando pela rua.
Sim, eu me alegro com o choro de Bolsonaro. Ele materializa a esperança de que esteja chegando a hora da responsabilização daqueles que tantos crimes cometeram contra o povo brasileiro.