Slide para escolas estaduais chama vítimas da ditadura de “antipatriotas” no PR

Atualizado em 13 de setembro de 2023 às 14:22
O slide que seria apresentado aos alunos no Paraná chama de “antipatriota” quem combateu a ditadura. Foto: reprodução

No Paraná, um slide que seria utilizado para aulas de geografia em escolas públicas mostram que o governo pretendia chamar de “antipatriotas” as pessoas que lutavam contra as ditaduras militares nos países da América do Sul, como Brasil, Argentina e Chile. O material, iria para as turmas da 2ª série do ensino médio, e aborda além das ditaduras na América Latina, a chamada Operação Condor, uma aliança entre países para perseguir e eliminar opositores dos regimes nas décadas de 1970 e 1980.

“Essa aliança visava perseguir esquerdistas, antipatriotas e subversivos nos países do Cone Sul, independentemente de sua nacionalidade”, diz o trecho no slide antes de ser alterado. 

O Sindicato dos Professores do Paraná reagiu ao conteúdo. Vanda do Pilar, secretária educacional do sindicato, disse que não se pode aceitar o negacionismo e o revisionismo histórico presentes no slide. O material foi implantado no estado em 2020 pelo então secretário da Educação, Renato Feder, que atualmente exerce o mesmo cargo no governo de Tarcisio de Freitas (Republicanos) em São Paulo.

Em resposta às críticas, o governo de Ratinho Júnior (PSD) anunciou a abertura de um processo para apurar a responsabilidade pela produção do texto. A Secretaria de Estado da Educação do Paraná (Seed-PR) declarou que não compactua com as informações divulgadas no slide e reforçou que não possui posicionamento político.

Posteriormente, o slide foi alterado, substituindo a palavra “antipatriotas” por “opositores e pessoas consideradas subversivas à ordem estabelecida nos países do Cone Sul”. No entanto, o sindicato de professores argumentou que a nova versão mantém o viés ideológico de defesa de estados governados por regimes autoritários, sem democracia, e de criminalização de qualquer espectro político.

“Os conteúdos são utilizados como apoio pedagógico (assim como os livros didáticos), para o desenvolvimento das aulas, não sendo seu uso obrigatório. Todo o material disponibilizado é editável e seu conteúdo (desde eventuais erros gramaticais ao uso de termos específicos) pode ser alterado pelos próprios docentes”, escreveu em nota a Secretaria da Educação do Paraná.

Renato Feder sentado, de roupa azul marinho, com mesa à frente
Secretário da Educação do Estado de São Paulo, Renato Feder. Foto: Reprodução

Em São Paulo, a 9ª Vara da Fazenda Pública do Tribunal de Justiça emitiu uma decisão ordenando que a Secretaria de Educação suspenda imediatamente o uso de slides distribuídos como parte do material didático para escolas do estado. Esses conteúdos educacionais apresentaram uma série de erros históricos e factuais, colocando em cheque a qualidade da educação no estado.

Renato Feder também é investigado após a empresa Multilaser, na qual ele tem vínculo, negociar três contratos com o governo paulista durante sua ocupação do cargo no governo. A empresa dele, Dragon Gem LLC, que tem 28,16% da marca de produtos de tecnologia, deve receberá R$ 76 milhões pela venda de 97 mil notebooks.

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