Sou da Paz: crimes com armas de fogo custaram R$ 41 milhões ao SUS

Atualizado em 15 de dezembro de 2023 às 23:43
Mãos segurando arma de fogo
Violência armada custou caro – Foto: Marcelo Camargo/Agência Brasil

O Brasil destinou R$ 41 milhões do orçamento do Sistema Único de Saúde (SUS) para internações hospitalares relacionadas a vítimas de armas de fogo em 2022, conforme apurado pelo Instituto Sou da Paz, uma organização não governamental (ONG).

O levantamento revela 17,1 mil internações, embora não abranja todos os custos associados a esse tipo de ocorrência devido à falta de informações detalhadas que permitam uma análise completa dos gastos em outros tipos de assistência a indivíduos atingidos por tiros.

O estudo indica uma tendência de redução nos custos em comparação com anos anteriores, especialmente a partir de 2018, quando os homicídios apresentaram queda significativa no país. Entretanto, em 2021, houve um sinal de alerta.

“A redução nos custos reflete também a diminuição de casos de alta gravidade que custam mais e a defasagem dos preços de referência da tabela SUS para ressarcimento dos serviços prestados.”

Cristina Neme, coordenadora de projetos do Instituto Sou da Paz, destaca que, em média, uma internação por arma de fogo tem um custo três vezes superior ao de internações por outros problemas de saúde. A violência intencional é a principal causa dessas internações, representando 75% dos casos em 2022, seguida por acidentes (17%) e lesões autoprovocadas (1,5%), com 6,5% de casos em que a causa do ferimento não foi identificada.

A análise revela que a violência armada afeta de maneira desproporcional a população negra, representando 57% das internações em 2022, enquanto as vítimas não negras respondem por apenas 16% dos atendimentos. O Instituto destaca um retrocesso na qualidade das informações desde 2021, quando a proporção de registros sem identificação do perfil racial atingiu 32%.

Bala saindo de revólver
Custos no tratamento de ferimentos por arma de fogo podem variar – Reprodução

Os homens representam 89,6% das vítimas, permanecem mais tempo internados, têm diárias mais caras e enfrentam uma taxa de mortalidade hospitalar mais elevada, refletindo possivelmente a gravidade das lesões comparado com as mulheres.

O levantamento indica que o valor médio de uma internação por agressão com arma de fogo em 2022 foi de R$ 2.391, sendo 59% superior ao custo de agressões por outros meios. O montante total gasto em internações por agressão armada em 2022 é aproximadamente duas vezes maior do que o registrado em agressões provocadas por força corporal e arma branca.

O Sou da Paz destaca que os custos no tratamento de ferimentos por arma de fogo podem variar, sobrecarregando os serviços de assistência hospitalar e ambulatorial.

Na região Norte e Nordeste, os gastos com internações relacionadas a ferimentos por arma de fogo representaram 3,2% dos gastos totais com internações hospitalares por causas externas em 2022, sendo 1,5 vezes superior (+150%) à média nacional.

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