Após a pesquisa Datafolha apontar um empate técnico entre os pré-candidatos à Prefeitura de São Paulo Guilherme Boulos (PSOL) e Ricardo Nunes (MDB), as equipes decidiram manter os discursos focado na polarização entre os líderes nas intenções de votos. Segundo a Folha de S.Paulo, as campanhas também incorporaram em suas estratégias a entrada de novos candidatos, como Pablo Marçal (PRTB) e José Luiz Datena (PSDB), enquanto Tabata Amaral (PSB) se mostrou satisfeita por manter sua posição.
Os aliados de Boulos destacaram o bom desempenho do deputado federal, que conta com o apoio do presidente Lula (PT). “A pesquisa reforça que a população quer mudança e que o uso abusivo da máquina pública não é suficiente para esconder os problemas de São Paulo”, afirmou Boulos.
A campanha de Boulos vê a estrutura disponível para Nunes como um desafio, mas se considera competitiva diante das inaugurações e publicidade que a máquina da prefeitura pode proporcionar ao atual prefeito.
Já a pré-campanha de Nunes celebrou a consolidação do atual prefeito no topo das pesquisas e um arco de crescimento, contrastando com uma suposta queda de popularidade de Lula, que impactaria Boulos. “Entraram mais pré-candidatos que estão dentro [do campo] do nosso eleitor e, mesmo assim, estou subindo e meu principal adversário caindo. No cenário mais provável, tenho 26% ante 24%. É um incentivo para continuar trabalhando”, disse à Folha.
Baleia Rossi, presidente do MDB, complementou: “A pesquisa demonstra a percepção das pessoas de que Nunes é um prefeito realizador, que entrega e que trabalha sobretudo para a periferia”.
A entrada de Marçal e Datena gerou diferentes reações entre as campanhas. Enquanto o coach bolsonarista, conhecido por sua base jovem e de extrema-direita, marcou 9% em um dos cenários e 7% no outro. Seus números foram vistos com otimismo pelo entorno de Boulos, que acredita que a pulverização de votos na direita pode enfraquecer Nunes.
Por outro lado, a campanha do prefeito minimizou o impacto de Marçal, argumentando que ele precisaria do apoio formal de Bolsonaro para crescer significativamente. “O público bolsonarista fiel, no fim das contas, vai confiar seu voto ao emedebista para evitar uma vitória de Boulos”, disseram aliados de Nunes.
Já a candidatura de Datena está cercada de ceticismo devido ao seu histórico de desistências. Adversários especulam que ele poderia se tornar vice de Tabata Amaral, reforçando sua posição. No entanto, a entrada de Datena e Marçal foi vista positivamente pelos aliados de Boulos, que acreditam que isso pode fragmentar o voto da direita, beneficiando o candidato do PSOL.
Tabata Amaral manteve uma visão positiva sobre os resultados da pesquisa, vendo-os como um indicativo da solidez de sua candidatura. “A pesquisa confirma que minha candidatura é sólida e tem um patamar consolidado de ponto de partida, por volta dos 10%”, afirmou a deputada. Orlando Faria, coordenador político de sua pré-campanha, avaliou que “ela tem um voto que é dela”. Com uma taxa de conhecimento de 55% e rejeição de 16%, Tabata continua confiante na possibilidade de crescer e chegar ao segundo turno.
Os aliados de Nunes descartam, por enquanto, uma aliança com Marçal, apontando o alto desconhecimento e a rejeição do coach como fatores limitantes. A pré-campanha de Nunes acredita que manter Marçal na disputa pode ser benéfico no segundo turno, onde esperam atrair seus eleitores. Em contraste, Boulos já conta com o provável apoio de Tabata, que, por ora, descarta qualquer aliança oficial.