STF forma maioria e derruba o marco temporal; acompanhe AO VIVO

Atualizado em 21 de setembro de 2023 às 15:47
Povos indígenas acompanham julgamento sobre o marco temporal no STF. Foto: Nelson Jr./SCO/STF

O ministro Luiz Fux votou contra o marco temporal e o Supremo Tribunal Federal (STF) formou maioria para derrubar a tese. A Corte retomou o julgamento do tema nesta quinta (21) e o magistrado foi o primeiro a votar, deixando o placar em seis a dois.

A tese, criada por ruralistas, prevê que os povos originários só podem reivindicar terras ocupadas antes da promulgação da Constituição de 1988 e sofre resistência de indígenas. O ministro fez um voto curto e afirmou: “Com essas diminutas palavras, mas fundadas no texto constitucional e na minha insindicável convicção, eu acompanho o voto do eminente relator, ministro Edson Fachin”.

O julgamento foi retomado nesta quinta e Fux foi o primeiro a votar. Antes dele, já haviam se manifestado contra a tese o relator, Edson Fachin, e os ministros Dias Toffoli, Alexandre de Moraes, Cristiano Zanin e Luís Roberto Barroso. Kássio Nunes Marques e André Mendonça foram os únicos votos favoráveis.

A ministra Cármen Lúcia votou depois de Fux e também seguiu o relator, deixando o placar em sete a dois contra a aplicação da tese do marco temporal. “O indígena não busca desertar-se de si nem a constituição quer desapropria-lo”, afirmou.

Ela ainda argumentou que o marco temporal “é contrário à ideia tanto de direitos fundamentais, quanto de se manter a identidade dos grupos indígenas e comunidades”.

Faltam somente os votos de Rosa Weber e Gilmar Mendes, que é o próximo a se manifestar. Acompanhe ao vivo:

https://www.youtube.com/watch?v=OWeEUedp_6c&ab_channel=R%C3%A1dioeTVJusti%C3%A7a

Apesar da maioria formada, os ministros ainda divergem sobre as indenizações que devem ser pagas a proprietários que ocupam terras indígenas, sem histórico de usurpação ou conflito. A decisão do Supremo terá repercussão geral e vai afetar mais de 200 outros processos que estão parados aguardando um entendimento da Corte.

O caso específico julgado pelos ministros envolve uma disputa entre o governo de Santa Catarina e indígenas do povo Xokleng, que reivindicam um território na região central do estado.

O processo teve início em 2009, quando cerca de cem deles ocuparam uma espaço onde hoje está a reserva biológica Sassafrás, área de proteção ambiental. O governo pediu reintegração de posse e saiu vitorioso na primeira instância, mas a Funai (Fundação Nacional dos Povos Indígenas) recorreu e o caso chegou ao Supremo em 2016.

A tese do marco temporal é uma tese jurídica criada por representantes de grandes proprietários de terras. Eles querem que povos indígenas percam direito às terras se não conseguirem provas que ocupavam a área na data de promulgação da Constituição Federal.

Manifestação de indígenas contra o marco temporal na Esplanada dos Ministérios. Foto: Antônio Cruz/Agência Brasil

Participe de nosso grupo no WhatsApp, clique neste link

Entre em nosso canal no Telegram, clique neste link