A Justiça já monitora um eventual risco de fuga por parte do ex-presidente Jair Bolsonaro (PL) após revelações envolvendo a venda de joias obtidas como presentes, além das denúncias relacionadas a uma tentativa de fraudar as eleições de 2022.
Membros da alta cúpula do Executivo disseram ao UOL que a fala recente de Bolsonaro de que “correria risco” no Brasil acendeu um sinal de alerta. O Superior Tribunal Federal (STF) tem a mesma percepção.
Na sexta-feira (18), durante um evento em Goiás, o ex-presidente afirmou que ‘sabe dos riscos que corre no Brasil’. “Estive três meses nos Estados Unidos, no estado da Flórida, realmente um estado fantástico”, disse. “Mas, apesar de ter sido acolhido muito bem, não existe terra igual a nossa. Sei dos riscos que corro em solo brasileiro, mas não podemos ceder”, completou.
Sem ser indiciado ou convocado para prestar depoimento, o ex-presidente pode sair do país qualquer momento e não existe qualquer possibilidade de ser barrado. Mesmo assim, a situação é acompanhada “de perto”, já que em caso de fuga, o Brasil teria que pedir sua extradição, caso ele fosse denunciado.
Isso poderia abrir uma crise diplomática, dependendo do destino de Bolsonaro e de suas ligações com partidos de extrema direita que possam estar no poder ou pelo menos em coalizões nacionais.
Na chancelaria, diplomatas lembram a maneira como Bolsonaro usou a prisão dos grupos que promoveram a queda de Evo Morales como um sinal de que a Bolívia poderia ser seu destino.
Fontes no Itamaraty ainda apontam que existiu uma suspeita de que uma possível rota de fuga passaria por países do Oriente Médio, onde Bolsonaro manteve relações próximas ao longo de seu mandato.
Além disso, em 2021, Bolsonaro recebeu a cidadania honorária no norte da Itália. Um dos temores é de que, com essa iniciativa, um eventual pedido de nacionalidade estrangeira poderia ser facilitado.
Os filhos do ex-presidente já fizeram a solicitação de cidadania italiana, mas não existem informações sobre o status relacionado a Bolsonaro.