Publicado originalmente na Rede Brasil Atual
Animados com o público presente nas manifestações de ontem (19), defensores do impeachment de Jair Bolsonaro veem condições de fazer o processo avançar no Congresso, apesar da resistência da direção da Casa e da aliança do governo com o chamado Centrão. O deputado Paulo Teixeira (PT-SP), por exemplo, destacou o destaque dado por veículos de comunicação tradicionais, diferente do que ocorreu em 29 de maio.
“Folha e Estadão deram destaque aos atos de ontem. Editorial da Rede Globo, pela primeira vez, responsabilizou o presidente da república pelas 500 mil mortes. Nossa prioridade deve ser exigir do presidente @ArthurLira a abertura do impeachment na Câmara Federal”, afirmou o deputado em rede social.
Sem espaço para o silêncio
O economista Claudio Ferraz, por sua vez, citou o jornal O Globo, que teria “finalmente” dado a importância devida aos protestos, apesar do editorial “mais contundente e direto” do Jornal Nacional na edição do sábado. “Mas é um avanço. Não há espaço para o silêncio”, afirmou. A manchete de hoje do jornal da família Marinho foi “Brasil chega a 500 mil mortes por Covid em dia de protestos pelo país”.
Com a primeira página em branco na edição deste domingo (21), o jornal Folha de S.Paulo dedicou espaço aos desdobramentos da pandemia, afirmou que a adesão aos movimentos cresceu e apontou responsabilidade de Bolsonaro. “E ter eleito o pior presidente desde a redemocratização, que infestou a Esplanada com assessores pré-ginasianos, foi decisivo para esse desfecho catastrófico”, diz o periódico.
Mais de 120 pedidos
Reportagem informa ainda que vários partidos estão se organizando para apresentar um “superpedido” de impeachment. Até agora, foram feitos – e engavetados – 121 pedidos.
Artistas também se manifestaram em redes sociais para pedir a saída do presidente. “Vacina no braço, máscara no rosto e fora Bolsonaro”, escreveu Paolla Oliveira. “Bolsonaro genocida, humano e ambiental”, acrescentou a atriz. A cantora Marina Lima reforçou o pedido: “Ñ consigo compreender. Por bem menos, tiraram o Collor! Este crápula já quebrou vários artigos da constituição! Por q não tiram esse lixo? O Brasil precisa ter alguma chance de sair disso!”.
Em nota publicada no sábado, a CUT reafirmou que o atual governo não pode continuar à frente do país. “Os trabalhadores e trabalhadoras e o povo brasileiro não pode mais aceitar que esse genocídio continue. Que a fome e a miséria aumentem ainda mais. Conclamamos os parlamentares, os movimentos sociais, populares e democráticos a exigirem que o Congresso Nacional dê início ao processo de impeachment desse presidente para pôr fim a esse governo que é o único responsável pelas 500.000 mortes que alcançamos hoje”, afirma a direção da central.
Dias de dor
O presidente da Câmara, Arthur Lira (PP-AL), publicou mensagens sobre a triste marca atingida ontem, mas não se manifestou sobre os protestos. “Hoje é dia de dor. Mas todos os dias têm sido. Desde o início. Cada vida que se vai é uma dor. Amanhã também será um dia de dor”, escreveu. “Enquanto todos não estiverem vacinados, com a pandemia sob controle, teremos dias de dor.” O músico Tico Santa Cruz foi um dos vários a responder: “Jura? E vocês estão sentados em cima do Impeachment por que? Honrem a vida dos 500 mil brasileiros e façam o trabalho de vocês! Quantos mais precisarão morrer pra que você tire a votação do Impeachment da Gaveta?”.
Senadores que integram a CPI da Covid divulgaram nota e garantiram que haverá punições. “Asseguramos que os responsáveis pagarão por seus erros, omissões, desprezos e deboches. Não chegamos a esse quadro devastador, desumano, por acaso. Há culpados e eles, no que depender da CPI, serão punidos exemplarmente. Os crimes contra a humanidade, os morticínios e os genocídios não se apagam, nem prescrevem”, afirma. Segundo a Agência Senado, a nota é assinada por Omar Aziz (PSD-AM), Randolfe Rodrigues (Rede-AP), Renan Calheiros (MDB-AL), Tasso Jereissati (PSDB-CE), Otto Alencar (PSD-BA), Eduardo Braga (MDB-AM), Humberto Costa (PT-PE), Alessandro Vieira (Cidadania-SE), Rogério Carvalho (PT-SE) e Eliziane Gama (Cidadania-MA).