Sucesso de Lula no JN foi muito além da audiência. Por Fernando Brito

Atualizado em 26 de agosto de 2022 às 11:43
Sucesso de Lula no JN foi muito além da audiência
Ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT)
Foto: Reprodução

Por Fernando Brito

Os bolsonaristas – inclusive os de alto coturno – estão absolutamente perdidos diante da repercussão da entrevista de Lula e, na impossibilidade de negar o bom desempenho do ex-presidente no Jornal Nacional, agarram-se em dois argumentos: o de que a audiência foi menor ( menos de 1 ponto na Grande SP, segundo dados da Kantar) e a alegação de que os apresentadores William Bonner e Renata Vasconcelos teria, segundo eles, praticamente “lulado”.

Cada um, claro, engane-se quanto quiser e enquanto puder. A repercussão da entrevista nas redes sociais (15 milhões de menções, contra 9 milhões da de Bolsonaro e 2 milhões no dia de Ciro) mostram que o impacto foi muito maior.

E a prova, mais que numérica, é subjetiva. Gente de antilulismo à toda prova, como Merval Pereira, teve de vergar-se à realidade de que Lula saiu-se muito bem, para seu desgosto. Outros quase se derreteram, é verdade. Alguns chegavam a “caçar” pequenos senões, para “não dar bandeira”.

E era para dar, porque a linguagem foi simples, a fluência verbal, os improvisos, o didatismo e as referências à memória (“o melhor presidente que o país já teve”). E, sobretudo, o inigualável “o senhor não deve nada à Justiça”, que só se compara ao “Bolsonaro é o bobo da corte”.

A entrevista, porém, já é passado: importam agora seu desdobramentos e haja desdobramentos no dia em que se inicia a campanha no rádio e na televisão. É como se, no primeiro minuto do jogo da propaganda de massa, fazendo dois gols: animou sua militância e foi muito bem com o público menos engajado, indeciso ou pouco engajado na disputa.

E tudo ficou pronto para Lula começar a campanha em tom suave e tranquilo, sem deixar de tocar nas questões mais emocionantes, em grande parte fora do programa de ontem.

Já Bolsonaro não tem alternativa senão a de assumir uma postura mais agressiva, que já se prenunciou hoje, no Twitter, com uma nem tão velada referência ao PCC. Se havia duas versões de seu programa de estreia, uma light e outra hard, a primeira foi para o lixo.

Fala-se que ele voltará atrás de sua tendência de não participar do debate previsto para a próxima semana. Não o dou como certo, porque seus assessores morrem de medo de seu estado de nervos, péssimo.

(Texto originalmente publicado em TIJOLAÇO)

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