Talíria Petrone: “Escolhi ser mãe e sigo defendendo a legalização do aborto”

Atualizado em 30 de dezembro de 2019 às 23:08
Talíria Petrone do PSOL. Foto: Divulgação/Facebook

Publicado originalmente no Site do PSOL:

POR TALÍRIA PETRONE

Hora de falar sério e fazer o debate. Eu escolhi ser mãe e sigo defendendo a legalização do aborto. A minha escolha não é a escolha de todas as mulheres. Do mesmo modo, o direito ao aborto seguro não obriga mulheres a interromperem a gravidez. E por que legalizar?

Defender a legalização não é defender o aborto. A fé e valores individuais devem ser preservados pra quem for contra, mas não podem motivar leis num Estado Laico e que deve servir ao bem comum. Evidências, ciência e estatística devem motivar legislações.

O aborto ilegal é uma das principais causas de mortes maternas, em sua maioria de mulheres negras e pobres. As ricas (parte delas religiosas, aliás) têm acesso ao aborto seguro porque podem pagar. Isso é questão de saúde pública, não de polícia. É papel do Estado garantir a vida das mulheres.

A ilegalidade do aborto não impede que ele ocorra. São quase 1 milhão por ano aqui. Mulheres abortam por desespero, medo, falta de condições. São tantos os motivos e nunca é algo confortável. Com tanto abandono paterno, a culpa é da mulher por que mesmo? Eu hein…

Não é verdade que se legalizar, o aborto será usado como método contraceptivo. Países onde o aborto é legal mostram o oposto. Esse argumento é absurdo e antievidência! Legalização aumenta informação, o acolhimento e o debate sobre gestação indesejada.

Os mesmos que mentem sobre o significado da legalização do aborto, dialogando com a desinformação e fundamentalismo, são contra a prevenção à gestação indesejada. Não querem falar sobre educação sexual nas escolas, interditam debate tão importante!

Defender que o aborto é questão de saúde pública e que interfere no corpo da mulher é defender a vida! Educação sexual pra prevenir, contraceptivos pra não engravidar, aborto legal, público e seguro pra não morrer!