Tarcísio, o Moderado, imita Marçal e vincula Boulos e PCC no dia da eleição. Por Leonardo Sakamoto

Atualizado em 27 de outubro de 2024 às 16:25
O chefe de gabinete da Siubr, Eduardo Olivatto (dir.) acompanhado pelo prefeito Ricardo Nunes e o governador Tarcísio de Freitas
Imagem: Reprodução

Por Leonardo Sakamoto

O governador Tarcísio de Freitas (Republicanos) incorporou Pablo Marçal, neste domingo de segundo turno da eleição à Prefeitura de São Paulo, afirmando a jornalistas que o Primeiro Comando da Capital orientou o voto em Guilherme Boulos (PSOL), adversário de seu candidato. Com isso, Tarcísio deve ser investigado por abuso de poder político, o que pode afetar o seu apadrinhado, Ricardo Nunes (MDB).

A Secretaria de Administração Penitenciária de São Paulo havia dito que interceptou comunicados assinados por membros do PCC orientando o voto em algumas cidades. A questão é grave e merece investigação e o tratamento adequado, tanto para verificar a autenticidade dessas comunicações, quanto para indicar se as campanhas sabiam disso. Sim, bilhetes também podem ser produzidos.

Por isso, ao ser questionado sobre os nomes envolvidos, ele só poderia cita-los apresentando as devidas provas. Ou, o que seria mais correto, convocar uma coletiva à imprensa após a votação para não influenciar no resultado.

Mas resolveu fazer isso no local onde ele havia votado e, pior, ao lado do prefeito Ricardo Nunes, adversário de Boulos.

O comportamento de Tarcísio não é aleatório mas vai ao encontro da estratégia da campanha de Nunes ao longo do segundo turno: afirmar que o deputado é o candidato dos presidiários e não vai atacar o crime organizado. Ou seja, foi premeditado.

Dois dias antes do primeiro turno da eleição em São Paulo, Pablo Marçal divulgou um laudo falso que indicava que Guilherme Boulos havia procurado uma clínica em decorrência do uso abusivo de cocaína. A farsa foi rapidamente desmobilizada, Marçal arcou com o ônus disso, mas o candidato da esquerda viu sua rejeição crescer. O governador Tarcísio de Freitas, ao emular a tática de Marçal, mostra que, ao contrário do que muitos afirmam, não existe bolsonarismo moderado.

Nas últimas semanas, analistas afirmaram que o deputado estava copiando o estilo de Pablo Marçal. A declaração de hoje mostra que o governador foi mais fundo que o ex-coach, pois fez isso no dia da eleição.

Ironicamente, meses antes das eleições, a imprensa apontou que Milton Leite (União Brasil), presidente da Câmara dos Vereadores e forte aliado de Nunes, estava envolvido com uma companhia de ônibus acusada pelo Ministério Público de lavar dinheiro para o PCC. E, ao mesmo tempo, outra investigação apontou que guardas civis metropolitanos de São Paulo haviam firmado um esquema com a facção criminosa para extorquir dinheiro de comerciantes na região da Cracolândia.

São Paulo, quem diria, pode empurrar sua eleição para um terceiro turno. Não nas urnas, mas na Justiça.

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